Qualidade do processo clínico – estudo comparativo 2004-2005
Palavras-chave:
Qualidade, processo clínico, história clínica, nota de altaResumo
Introdução: para produzir com qualidade é fundamental perceber a necessidade de mudança. Uma abordagem diferente dos processos e dos resultados implica um envolvimento e uma motivação dos profissionais
de Saúde. O desempenho dos Serviços de Saúde está hoje ligado ao
nível de acesso e de organização da informação clínica. Nesse contexto
uma documentação correcta e completa dos dados clínicos do doente é
essencial para a prática de uma Medicina de qualidade, sendo o processo
clínico uma base de estruturação e gestão dos hospitais.
Objectivos: comparação, referente aos anos de 2004 e 2005, da
proporção em que foram cumpridos os critérios de qualidade do processo
clínico – com variáveis previamente definidas.
Material e Métodos: estudo de observação descritivo e transversal,
referente aos anos de 2004 e de 2005. Efectuado com base no preenchimento, pelo médico assistente do doente, de uma folha resumo,
com as seguintes variáveis, que se mediram: existência de História
Clínica clássica, de Nota de Entrada, de Nota de Alta, elaboração de
Lista de Problemas segundo Método de Weed e registo de resultados
analíticos, em folha própria. Estudou-se também a variável composta
Prolongamento do Internamento, não só medindo-a, como identificando
as causas dessa demora. Total de internamentos do ano 2004: 1 031
(F524-M507), com média de idades de 70 anos [15-103] e média de
internamento de 7,6 dias [1-78]. Total de internamentos do ano 2005:
1 030 (F531-M499), com média de idades de 71 anos [16-99] e média
de internamento de 8 dias [1-101].
Resultados: Tanto no ano de 2004 como no de 2005 a Nota de Entrada
na enfermaria foi realizada em 100% dos doentes, excluindo os casos em
que foi feita a História Clínica. Sem contar com os doentes falecidos e os
transferidos para outros Serviços, a Nota de Alta foi cumprida também
em 100% dos casos. A História Clínica clássica foi realizada em 213
doentes (21%) em 2004 e em 87 doentes (8,5%) em 2005. Quanto ao
preenchimento da Folha de Registo de análises e da Lista de Problemas
foram cumpridas em 866 doentes (84%) e em 847 doentes (82%) no ano
de 2004 e em 898 doentes (87%) e em 863 doentes (84%) no ano de
2005, respectivamente. O Prolongamento do Internamento verificou-se
em 11% e em 9% dos doentes (2004 e 2005), sendo os motivos sociais
a causa mais frequente no primeiro ano e os motivos clínicos no segundo.
Conclusões: Em relação ao processo clínico consideramos muito
positivos os resultados obtidos. Contudo é preocupante o limitado
número de Histórias Clínicas realizadas, assim como o seu decréscimo,
quando comparando com 2004. No prolongamento dos internamentos
na enfermaria de Medicina 1 os problemas clínicos são tão importantes
como os sociais. Consideramos ainda que, a implementação de formas
estruturadas de avaliação, tem impacto no trabalho quotidiano, afectam
a prática clínica e promovem a excelência.
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Referências
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