Prevalência e Abordagem do Delirium em Doentes de Cuidados Paliativos em Regime de Internamento versus em Regime Domiciliário

Autores

  • Rute Brás Cruz Hospital Pedro Hispano https://orcid.org/0000-0002-3097-1823
  • Teresa P. Medeiros Departamento de Medicina, Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Maria do Céu Rocha Equipa de Cuidados Paliativos, Unidade Local de Saúde de, Matosinhos, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2153-2394
  • Hugo M. Oliveira Equipa de Cuidados Paliativos, Unidade Local de Saúde de, Matosinhos, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.1752

Palavras-chave:

Cudados Paliativos, Delírio

Resumo

Introdução: O delirium é uma das complicações mais frequentes em cuidados paliativos com uma prevalência de 88% nos dias que precedem o fim de vida. Os dados sobre delirium no seguimento domiciliário em cuidados paliativos são escassos. O objetivo deste trabalho é caracterizar a população seguida por uma equipa de cuidados paliativos em regime intra-hospitalar e domiciliário, avaliar a prevalência de delirium, a estratégia terapêutica, o tempo de resolução e os fatores que se associam a maior ou menor prevalência de delirium.

Métodos: Foi realizado um estudo de coorte retrospetivo,
que incluiu todos os doentes acompanhados no hospital e no domicílio por uma equipa de cuidados paliativos em Portugal durante o ano de 2019.

Resultados: Foram incluídos 496 doentes, dos quais 308
(62,1%) tiveram acompanhamento intra-hospitalar. Identificado delirium em 112 (22,6%) doentes e o fármaco de primeira linha foi o haloperidol (n = 58, 51,8%). Registaram-se 283 (57,1%) óbitos e a ocorrência de óbito foi significativamente maior naqueles que desenvolveram delirium (72,3%, p <0,001). Foram associadas a uma maior incidência de delirium o seguimento intra-hospitalar (27,9%, p <0,001), infeção (53,9%, p <0,001), alterações endócrinas (84,6%, p <0,001) e iónicas (55,0%, p <0,001), o uso de anticolinérgicos (54,1%, p = 0,001), antipsicóticos (42,6%, p = 0,031), corticosteroides (37,7%, p = 0,008) e a presença de metastização cerebral (50,0%, p = 0,046).

Conclusão: Existe uma prevalência significativa de delirium em doentes em fim de vida, sendo este um preditor de mau prognóstico. A implementação de cuidados paliativos de
qualidade com uma abordagem multidisciplinar pode proporcionar um controlo mais eficaz do delirium e reduzir sua prevalência geral.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Setters B, Solberg LM. Delirium. Prim Care. 2017;44:541-59. doi: 10.1016/j.pop.2017.04.010.

Bramati P, Bruera E. Delirium in palliative care. Cancers. 201;13:5893. doi: 10.3390/cancers13235893.

Organização Mundial da Saúde. ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics [Internet]. 2020. 2020 [accessed 2022 Aug 30]. Available at: https://icd. who.int/browse11/l-m/en. Available from: https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http%3A%2F%2Fid.who.int%2Ficd%2Fentity%2F897917531

Bush SH, Tierney S, Lawlor PG. Clinical Assessment and Management of Delirium in the Palliative Care Setting. Drugs. 2017;77:1623–43. doi: 10.1007/s40265-017-0804-3.

Marcantonio ER. Delirium in hospitalized older adults. N Engl J Med. 2017;377:1456–66. doi: 10.1056/NEJMcp1605501.

Recchia A, Rizzi B, Favero A, Nobili A, Pasina L. Prevalence of delirium in end-of-life palliative care patients: an observational study. Med Princ Pract. 2022;31:118-24. doi: 10.1159/000521994.

Wilson JE, Mart MF, Cunningham C, Shehabi Y, Girard TD, MacLullich AM, et al. Delirium. Nat Rev Dis Primers. 2020;6:90. doi: 10.1038/s41572-020-00223-4. Erratum in: Nat Rev Dis Primers. 2020;6:94.

Davis DHJ, Muniz-Terrera G, Keage HA, Stephan BC, Fleming J, Ince PG, et al. Association of delirium with cognitive decline in late life: a neuropathologic study of 3 population-based cohort studies. JAMA Psychiatry. 2017;74:244-51. doi: 10.1001/jamapsychiatry.2016.3423.

Rebelo CC, Oliveira H. Abordagem do Delirium na Comunidade. Gaz Med. 2021;8:263–73.

Portela Millinger F, Fellinger M. Clinical characteristics and treatment of delirium in palliative care settings. Memo - Mag Eur Med Oncol. 2021;14:48–52.

Watt CL, Momoli F, Ansari MT, Sikora L, Bush SH, Hosie A, et al. The incidence and prevalence of delirium across palliative care settings: A systematic review. Palliat Med. 2019;33:865–77. doi: 10.1177/0269216319854944.

Breitbart W, Alici Y. Agitation and delirium at the end of life: "We couldn't manage him". JAMA. 2008;300:2898-910, E1. doi: 10.1001/jama.2008.885.

Featherstone I, Hosie A, Siddiqi N, Grassau P, Bush SH, Taylor J, et al. The experience of delirium in palliative care settings for patients, family, clinicians and volunteers: A qualitative systematic review and thematic synthesis. Palliat Med. 2021;35:988–1004. doi: 10.1177/02692163211006313.

Jackson KC, Lipman AG. Drug therapy for delirium in terminally ill patients. Cochrane Database Syst Rev. 2004:CD004770. doi: 10.1002/14651858. CD004770. Update in: Cochrane Database Syst Rev. 2012;11:CD004770.

National Clinical Guideline Center. DELIRIUM: diagnosis, prevention and management Update information. Clin Guidel 103 [Internet]. [accessed 2022 July]. Available at: Available from: www.nice.org.uk/guidance/cg103

Bush SH, Lawlor PG, Ryan K, Centeno C, Lucchesi M, Kanji S, et al. Delirium in adult cancer patients: ESMO Clinical Practice Guidelines. Ann Oncol. 2018;29:iv143–65. doi:10.1093/annonc/mdy147

Cole MG, Ciampi A, Belzile E, Zhong L. Persistent delirium in older hospital patients: a systematic review of frequency and prognosis. Age Ageing. 2009;38:19–26. doi: 10.1093/ageing/afn253.

Carlson B. Delirium in patients with advanced cancer. Lancet Oncol. 2016;17:e379. doi: 10.1016/S1470-2045(16)30380-1.

Bruera E, Miller L, McCallion J, Macmillan K, Krefting L, Hanson J. Cognitive failure in patients with terminal cancer: a prospective study. J Pain Symptom Manage. 1992;7:192–5.

Publicado

31-08-2023 — Atualizado em 27-09-2023

Versões

Como Citar

1.
Brás Cruz R, P. Medeiros T, Rocha M do C, M. Oliveira H. Prevalência e Abordagem do Delirium em Doentes de Cuidados Paliativos em Regime de Internamento versus em Regime Domiciliário. RPMI [Internet]. 27 de Setembro de 2023 [citado 14 de Dezembro de 2024];30(3):173-9. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1752

Edição

Secção

Artigos Originais

Categorias

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)