Endotélio e hipertensão arterial

Resumo

A hipertensão arterial (HTA) essencial está associada à disfunção endotelial, a qual é
causada pela produção de radicais livres de oxigénio que destroem o óxido nítrico (ON),
impossibilitando os seus efeitos protectores na parede vascular.
O endotélio tem uma função autócrina/parácrina, reguladora da secreção de substâncias
que controlam o tónus e estrutura vascular.
Produz múltiplos factores relaxantes (ON e prostaciclina) e constritores (endotelinas isoformas 1, 2 3).
Por definição, disfunção endotelial é uma alteração funcional reversível da célula endotelial, resultando da disponibilidade de ON
deficiente.
A interacção entre o sistema do ON e as substâncias vasoconstritoras endoteliais, essencialmente endotelina - 1 (ET-1) e angiotensina II, podem também participar na patogénese da disfunção endotelial.
Nos doentes hipertensos, a disfunção endotelial, embora pareça não estar directamente
envolvida na elevação dos valores de pressão arterial (PA), ao actuar como promotor da
lesão aterosclerótica e das principais complicações da HTA, torna-se um dos objectivos da
terapêutica anti-hipertensiva.
A evidência disponível relativamente ao impacto prognóstico da disfunção endotelial em
doentes com factores de risco cardiovasculares,
incluindo a HTA essencial, é escassa. É actualmente difícil estabelecer se a terapêutica farmacológica desta entidade representa um efeito benéfico adjuvante, mas independente da normalização da pressão arterial, nomeadamente na redução da morbilidade e mortalidade.