Estudo Retrospectivo Comparativo Entre Primo-Infecções e Recidivas em Enterocolite a Clostridium difficile
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/original/268/2/2018Palavras-chave:
Clostridium difficile, Infecções por Clostridium, Inibidores da Bomba de Protões, Metronidazole, Recidiva, VancomicinaResumo
Introdução: A enterocolite a Clostridium difficile é uma das
mais preocupantes infecções da atualidade pela incidência,
gravidade e frequência de recidivas.
Métodos: Estudo retrospectivo, baseado nos registos dos
doentes com infecção comprovada, internados no Hospital
Beatriz Ângelo (18 meses). Os casos foram divididos em dois
grupos: “primo-infecção” e “recidiva”. Foram avaliados: idade; sexo; local de aquisição da infecção; antibioterapia prévia; utilização prévia de inibidores da bomba de protões; critérios de gravidade: idade > 65 anos, leucócitos > 20 000/uL e
creatinina > 1,5 vezes o valor basal do doente; antibioterapia
efetuada; duração terapêutica; duração do internamento e
mortalidade.
Resultados: A gravidade foi superior nas primo-infecções
(leucócitos > 20 000/uL 21,3% vs 12,0%, creatinina > 1,5 vezes o valor basal 38,3% vs 20,8%) assim como a mortalidade (23,4% vs 4,0%). Embora a vancomicina em monoterapia
ou em associação ao metronidazol esteja recomendada nas
situações graves, nos doentes com primo-infecção e que
apresentavam 2 ou 3 critérios de gravidade, o metronidazol
isolado foi a escolha mais frequente (46,2% para 2 critérios
e 57,1% para 3 critérios). Nas recidivas constatou-se maior
utilização da vancomicina mesmo nos casos menos graves
(100,0% para 0 critérios e 68,8% para 1 critério). A utilização
de inibidores da bomba de protões foi superior nas recidivas
(84,0% vs 65,2%).
Conclusão: Este estudo sugere maior gravidade e mortalidade nas primo-infecções; realça a importância de estadiar em
gravidade de modo a optar pela melhor terapêutica e apoia a
ideia de que os inibidores da bomba de protões possam ser
factor de risco.
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