Infeções Nosocomiais. COVID-19: Amigo ou Inimigo?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.2022.01.292

Palavras-chave:

Controlo de Infeções, COVID-19, Infeção Hospitalar/prevenção e controlo

Resumo

Introdução: As infeções nosocomiais constituem um problema de saúde pública e trazem custos excessivos evitáveis associados aos internamentos hospitalares. Durante a pandemia da COVID-19, houve uma mudança nas políticas com foco em programas de prevenção e controlo de infeção.

Métodos: Postulamos que tal mudança pode ter um efeito indireto na ocorrência de Infeções nosocomiais. Realizámos um estudo retrospetivo com o objetivo de comparar as diferenças na prevalência de infeção hospitalar entre um período COVID-19 e um período não COVID-19, numa enfermaria de Medicina Interna de um hospital central de Lisboa, sem doentes com COVID-19. Foram incluídos 393 pacientes, sendo 192 do período não COVID-19 e 201 do período COVID-19.

Resultados: Encontramos uma redução estatisticamente significativa na ocorrência de infeções nosocomiais no período COVID-19 de 16,1% (n = 31) para 5,5% (n = 11) (p = 0,001; OR 0,301; IC 95%: 0,146-0,617). Também encontramos uma redução estatisticamente significativa no uso de antibióticos (n = 31; 16,1% vs n = 11; 5,5%; p = 0,001) e na ocorrência de infeção por organismos multirresistentes (n = 9; 29,0% vs n = 1; 9,1%; p = 0,009) no período COVID-19.

Conclusão: Estes resultados confirmam que, após a implementação de protocolos sistemáticos de controlo de infeção, houve uma redução nas infeções nosocomiais. Sugerimos uma investigação mais aprofundada para validar os dados obtidos e uma análise custo-benefício para esclarecer se a implementação universal das medidas de prevenção e controlo de infeção constituirão uma mais-valia para o tratamento dos doentes.

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Publicado

22-03-2022

Como Citar

1.
Bonito Moreira L, Martins-dos-Santos G, Ilharco M, Mello Vieira M, Midões C, Rocha I, Soares L, Fevereiro M do C. Infeções Nosocomiais. COVID-19: Amigo ou Inimigo?. RPMI [Internet]. 22 de Março de 2022 [citado 18 de Dezembro de 2024];29(1):19-25. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/511

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