O Colesterol HDL enquanto Fator de Prognóstico no Doente Crítico
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.960Palavras-chave:
Biomarcadores, Colesterol HDL, Doença Crítica, PrognósticoResumo
Introdução: Níveis séricos baixos de colesterol total (CT) e HDL
(c-HDL) são indicadores de mau prognóstico em várias patologias.
Material e Métodos: Foram analisados retrospetivamente 112
doentes internados numa Unidade de Cuidados Intensivos polivalente num período de seis meses. Consideraram-se valores críticos de c-HDL 40 mg/dL e 46 mg/dL para o género masculino e feminino, respetivamente. Os doentes foram divididos em 2 grupos: grupo A (c-HDL ≥ 40/46 mg/dL) e grupo B (c-HDL < 40/46 mg/
dL). Foi testada a associação entre os níveis de colesterol HDL e a
incidência de sépsis grave/choque séptico e sobrevida.
Resultados: Os níveis de CT foram superiores no grupo A
(p = 0,016), a diferença nos níveis de c-LDL não foi significativa (p
= 0,537) e os níveis de triglicerídeos foram significativamente superiores no grupo B (p <0,001). Os quadros de sépsis grave/choque
séptico foram mais prevalentes no grupo B (p = 0,003). No que
concerne à mortalidade intra-hospitalar, verificou-se uma diferença
considerável entre os dois grupos (5,6% no grupo A vs 21,1% no
grupo B), no limiar da significância estatística (p = 0,052).
Discussão: Durante a resposta de fase aguda desencadeada na
sépsis ocorre uma drástica modificação do perfil lipídico. Na sépsis
grave, a estrutura da partícula HDL sofre diversas alterações, transformando-se na chamada HDL de fase aguda. Nas formas graves de sépsis/choque séptico, as proteínas negativas de fase aguda
podem ser usadas como preditores independentes de sobrevivência.
Conclusão: A hipocolesterolémia HDL constitui um fator de mau
prognóstico no doente crítico, associando-se a maior incidência de
sépsis grave/choque séptico e maior mortalidade.
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