Infecções urinárias: a realidade de um serviço de Medicina Interna
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.1016Palavras-chave:
infecções urinárias, susceptibilidade antibiótica, resistência aos antibióticosResumo
As infecções urinárias (IU´s) são muito prevalentes. Em Portugal, constituem a segunda doença infecciosa mais frequente
na comunidade e a principal infecção nosocomial nas enfermarias de Medicina. Admite-se a existência de grande taxa de
resistência aos antibióticos recomendados para tratamento de
IU´s. Para caracterizar a população de doentes com diagnóstico de alta de IU num Serviço de Medicina Interna, procedeuse à análise retrospectiva dos processos dos doentes com
alta dessa unidade durante o ano de 2011. Avaliaram-se os
parâmetros idade, sexo, tipo de IU, agente etiológico, perfil de
resistências, antibiótico prescrito e comorbilidades. Dos resultados obtidos conclui-se que 91% das IU’s eram cistites. A
maioria eram infecções urinárias com origem na comunidade
(IUC), 31% eram infecções urinárias nosocomiais (IUN). Houve isolamento do agente etiológico em 68% das uroculturas.
Identificaram-se 21 estirpes, por ordem de frequência: Escherichia coli, Klebisiella pneumonia, Pseudomonas aeruginosa e
Proteus mirabilis. Verificou-se baixa susceptibilidade às quinolonas (20% IUC-19% IUN), ampicilina (19% IUC-12% IUN)
e cefalosporinas de primeira geração (11% nos dois grupos).
Os antibióticos inicialmente prescritos foram: amoxicilina+-
clavulanato, ciprofloxacina, cefuroxima e piperacilina+tazobactam. As comorbilidades mais frequentes foram: diabetes,
síndrome demencial e algaliação crónica. Este estudo revela
alta resistência às quinolonas, ampicilina e cefalosporinas de
primeira geração, tanto nas IUC’s como nas IUN’s, o que será
explicado pelo uso abusivo desses antimicrobianos. A ciprofloxacina foi o segundo antibiótico mais prescrito, e o segundo com mais resistências documentadas o que fundamenta
a necessidade de conhecimento da realidade microbiológica
local para adequação dos hábitos de prescrição.
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