As pragas no êxodo dos Judeus do Egipto: abordagem epidemiológica e contributo para o esclarecimento da origem do símbolo da Medicina

Autores

  • J. A. David de Morais Chefe de Clínica de Medicina Interna do Hospital do Espírito Santo de Évora e professor da Universidade de Évora (aposentado)

Palavras-chave:

êxodo dos Judeus do Egipto, epidemias, símbolo da Medicina, caduceu

Resumo

Como é sabido, a interpretação puramente teológica da Bíblia
está ultrapassada. Impõe-se, pois, hoje em dia, abordar os textos
bíblicos sob uma óptica multidisciplinar e integrada ou “complementarista”: teológica, arqueológica, antropológica, mitológica,
sociológica, paleoclimatológica, epidemiológica, etc. Outrossim,
a assumpção de que os factos da Bíblia, designadamente do
Velho Testamento, ocorreram conforme ali se relatam não poderá, à luz dos progressos científicos actuais, ser aceite de forma
linear. Todavia, muitos desses factos tiveram, com efeito, lugar e
persistiram no tempo, durante vários séculos, por via da tradição
oral, sendo subsequentemente fixados em textos segundo uma
visão coerente com o contexto religioso e cultural então vigentes.
Assim, as epidemias descritas no êxodo dos Judeus do Egipto
constituem um palimpsesto respeitante a surtos epidémicos
diversos, correlacionáveis, na sua maioria, com as alterações
climáticas então ocorridas no Médio Oriente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bíblia Sagrada. Lisboa: Sociedades Bíblicas Unidas, s. d.

Bíblia Sagrada. Para o Terceiro Milénio da Encarnação. Lisboa: Difusora Bíblica, 2000.

Tora. Mem Martins: Sporpress, 2003.

Barnavi E. História Universal dos Judeus. Da Génese ao Fim do Século XX. Lisboa: Círculo de Leitores, 1992.

Barnes J. Nada a Temer. Lisboa: Quetzal, 2011: 96.

Lyons AS, Petrucelli RJ. Medicine. An Illustrated History. New York: Abradale Press, 1987.

Rhymer J. Os Povos da Bíblia. São Paulo: Melhoramentos, 1990.

Bruce FF. The Illustrated Bible Atlas. Jerusalem: Carta, 1994.

Vários. História dos Tempos Bíblicos. Lisboa: Selecções do Reader’s Digest, 1994.

Vários. Grandes Personagens da Bíblia. Dicionário Biográfico Ilustrado. Lisboa: Selecções do Reader’s Digest, 1997.

Kirsch J. Moses: A Life. New York: The Ballantine Publishing Group, 1999.

Steiner G. A Bíblia Hebraica e a Divisão entre Judeus e Cristãos. Lisboa: Relógio D’ Água, 2006.

Gilbert M. Os 5000 Anos de História e Fé do Povo Judeu. Lisboa: Alétheia, 2006.

Devereux G. Ethnopsychanalyse Complémentariste. Paris: Flammarion, 1972.

McMichael AJ, Haines A, Slooff R, Kovats S, edt. Climate Change and Human Health. Geneva: World Health Organization, 1996.

Patz JA, Epstein PR, Burke TA, Balbus JM. Global climate change and emerging infectious diseases. JAMA 1996; 275 (3): 217-223.

Bouma MJ, Dye C. Cycles of malaria associated with El Niño in Venezuela. JAMA 1997; 278 (21): 1772-1774.

Acuna-Soto R, Stahle DW, Cleaveland MK, Therrell MD. Megadrought and megadeath in 16th century Mexico. Emerg Infect Dis 2002; 8(4): 360-362.

Graves R, Patai R. Los Mitos Hebreos. Madrid: Alianza Editorial, 2000.

Scholem G. A Cabala e a Mística Judaica. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990: 33.

Humphreys CJ. The Miracles of Exodus. A scientist’s discovery of the extraordinary natural causes of the biblical stories. New York: HarperCollins Publishers, 2003.

Fraga de Azevedo J, Bento da Silva J, Coito AM et al. O foco português de schistosomíase. Anais Instituto Medicina Tropical 1948; 5: 175-222.

Colley DG. Ancient Egypt and today: enough scourges to go around. Emerg Infect Dis 1996; 2 (4): 362-363.

Vieira RA. Bilharzíase. Notícias Médicas, 12 de Dezembro de 2001: 14-16.

Ruffer M. Note on the presence of Bilharzia haematobium in Egyptian mummies of the twentieth dynasty (1250-1000 B. C.). BMJ 1910; 1: 16.

Sournia JC, Ruffie J. As Epidemias na História do Homem. Lisboa: Edições

, 1986.

Deelder AM, Miller RL, De Jonge N, Krijger FW. Detection of antigen in mummies. Lancet 1990; 335: 724-725.

Miller RL, Armelagos GJ, Ikram S et al. Paleoepidemiology of Schistosoma infection in mummies. BMJ 1992; 304: 555-556.

Ahmad K. More deaths from Rift Valley fever in Saudi Arabia and Yemen. Lancet 2000; 356: 1422.

MMWR. Update: Outbreak of Rift Valley Fever – Saudi Arabia, August-November 2000. JAMA 2000; 284: 2989-2990.

Woods CW, Karpati AM, Grein T et al. An outbreak of Rift Valley Fever in Northeastern Kenya, 1997-98. Emerg Infect Dis 2002; 8: 138-144.

Wilcocks C, Manson-Bahr PEC. Manson’s Tropical Diseases. London:

Baillière-Tindall, 1974.

Praga de gafanhotos invade praias de Sagres: http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2004/12/01e.htm (consultado em Março de 2012).

Bellow Saul. Jerusalém, Ida e Volta. Lisboa: Tinta da China, 2001: 154.

Sarna N. Citado por: Humphreys CJ. The Miracles of Exodus. A scientist’s discovery of the extraordinary natural causes of the biblical stories. New York: HarperCollins Publishers, 2003 : 137.

Róheim G. Psychanalise et Anthropologie. Paris: Gallimard, 1967.

Devereux G. Essais d’Ethnopsychiatrie Générale. Paris: Gallimard, 1977.

Dolto F. A Psicanálise dos Evangelhos. Lisboa: Socicultur, 1978.

Muensterberger W, edit. L’Anthropologie Psychanalytique Depuis “Totem et Tabou”. Paris: Payot, 1976.

Laplantine F. Etnopsiquiatria. Lisboa: Editorial Veja, 1978.

Freud S. Totem e Tabu (1913). Edição standard brasileira, vol. XIII. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1974.

Bellow Saul. Ravelstein. Lisboa: Teorema, 2001: 96.

Struckmann PR. Asclépios à Épidaure. Sources de la thérapeutique. In: Kasas S, Struckmann PR. Importants Centres Médicaux de l’Antiquité. Épidaure et Corinthe. Athènes: Editions Kasas, 1990.

Chevalier J, Gheerbrant A. Dictionnaire des Symboles. Paris: Robert Laffont/Jupiter, 1982: 792.

Friedlander WJ. The Golden Wand of Medicine: A History of the Caduceus Symbol in Medicine. New York: Greenwood, 1992.

Lecourt D. Rapport sur l’enseignement de la philosophie des sciences. Paris: Ministère de l’Éducation Nationale, 1999: 27.

Bourée P. Dictionnaire de Parasitologie. Paris: Edition Marketing, 1989.

Rota do Êxodo dos Judeus: http://teachinghearts.org/dre00maps.html (consultado em Abril de 2012).

Piekarski G. Medical Parasitology in Plates. Leverkusen, Germany: Farbenfabriken Bayer, 1962: 138, plate XXVI.

Peters W, Gilles HM. A Color Atlas of Tropical Medicine & Parasitology. London: Wolfe Medical Publications, 1991.

Kasas S, Struckmann PR. Importants Centres Médicaux de l’Antiquité. Épidaure et Corinthe. Athènes: Editions Kasas, 1990.

Chevalier J, Gheerbrant A. Dictionnaire des Symboles. Paris: Robert

Laffont/Jupiter, 1982: 792.

Friedlander WJ. The Golden Wand of Medicine: A History of the Caduceus Symbol in Medicine. New York: Greenwood, 1992.

Lecourt D. Rapport sur l’enseignement de la philosophie des sciences. Paris: Ministère de l’Éducation Nationale, 1999: 27.

Bourée P. Dictionnaire de Parasitologie. Paris: Edition Marketing, 1989.

Rota do Êxodo dos Judeus: http://teachinghearts.org/dre00maps.html (consultado em Abril de 2012).

Piekarski G. Medical Parasitology in Plates. Leverkusen, Germany: Farbenfabriken Bayer, 1962: 138, plate XXVI.

Peters W, Gilles HM. A Color Atlas of Tropical Medicine & Parasitology. London: Wolfe Medical Publications, 1991.

Ficheiros Adicionais

Publicado

28-06-2013

Como Citar

1.
de Morais JAD. As pragas no êxodo dos Judeus do Egipto: abordagem epidemiológica e contributo para o esclarecimento da origem do símbolo da Medicina. RPMI [Internet]. 28 de Junho de 2013 [citado 23 de Abril de 2024];20(2):93-100. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1080

Edição

Secção

História da Medicina