Requalificação da rede da urgência/emergência: mudança certa ou errada?
Palavras-chave:
unidade de urgência, doença médica aguda, medicina internaResumo
O processo de requalificação da rede urgência/emergência prevê
o encerramento da Unidade de Urgência do Hospital de Espinho.
Desde a sua integração no Serviço Nacional de Saúde funciona
como sistema tampão aos congestionados serviços de urgência
hospitalar. A identificação e avaliação da produtividade mostram
o trabalho da unidade, baseada na aplicação informática “sonho”.
No ano 2006 teve 36715 episódios de urgência com 11,2% de
transferências e mortalidade de um doente em cada mil atendimentos. O grupo etário dos 14-45 anos, o maior utilizador da
Unidade, traduz a falta de acessibilidade aos cuidados primários e
a confiança que proporciona aos habitantes de Espinho. A procura
predominante da doença médica aguda proporcionou à medicina
interna a disponibilidade no aconselhamento e orientação dos
médicos tarefeiros, e reflectiu-se na autonomia da unidade com
melhor utilização do internamento e consulta externa do hospital.
Os utilizadores, mais beneficiados desta disponibilidade, foram o grupo etário pediátrico e idoso.
O encerramento de serviços de urgência, nos Estados Unidos
e Canadá e o aumento de acessibilidade aos cuidados primários,
no Reino Unido e em Espanha, não contribuíram para controlar o
aumento das urgências e as visitas inadequadas; na prática houve
um crescimento constante com o inevitável congestionamento
dos serviços urgência/emergência.
Com o previsível encerramento da unidade é estimada a sobrecarga do hospital de referência, com impacto económico no
serviço nacional de saúde.
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