Incidência da infecção do tracto urinário em doentes com cateter vesical numa enfermaria de Medicina

Autores

  • Maria do Céu Dória Serviço de Medicina do Centro Hospitalar de Cascais
  • Filipa Barros Serviço de Medicina do Centro Hospitalar de Cascais
  • Ana Vanessa Vicente Serviço de Medicina do Centro Hospitalar de Cascais
  • José Lomelino Araújo Serviço de Medicina do Centro Hospitalar de Cascais

Palavras-chave:

Infecção urinária, cateter vesical, bacteriúria

Resumo

Introdução e objectivos: A cateterização vesical é um importante
aspecto dos cuidados médicos. Até 25% dos doentes internados são algaliados e, numa proporção substancial dos casos, o
cateter vesical (CV) é usado indevidamente. A infecção do tracto
urinário relacionada com a cateterização vesical (ITUCV) é a
infecção nosocomial mais frequente, correspondendo a cerca de 40% dos casos.
No nosso hospital a maioria dos doentes admitidos na enfermaria provém do serviço de urgência, onde permanecem por
período variável até à existência de vaga. Nesse contexto, e face
à constatação de elevado número de doentes algaliados aquando
da admissão na enfermaria, pretendeu-se avaliar a incidência da ITUCV nessa população.
Material e métodos: Durante os meses de Novembro de 2004
a Maio de 2005 foram estudados os doentes provenientes do
Serviço de Urgência que se encontravam algaliados aquando do
seu internamento na enfermaria. Destes, apenas os que tinham
indicação para manter o CV permaneceram algaliados; aos restantes foi feita colheita de urina asséptica e retirado o cateter.
Foram excluídos os doentes admitidos com o diagnóstico de infecção urinária.
Foi avaliado o motivo invocado para a algaliação, a distribuição
dos doentes por sexo e grupo etário, a percentagem de doentes
com urinocultura positiva e quais os agentes identificados.
Resultados: No período estudado o número de doentes admitidos com CV na enfermaria de Medicina foi de 60, correspondendo
a 15% dos internamentos em igual período. O motivo de algaliação
foi, em 66,7% dos casos, o registo de diurese, em 10,0% a
retenção urinária, e em 21.7% não estava especificada.
Dos doentes estudados, 93,3% (n=56) já não apresentavam
indicação para manter algaliação, sendo a urocultura positiva
em 23,2% dos casos (n=13), todos com CV colocado há mais
de 3 dias. Dos doentes com urinocultura negativa (n=40), 65%
estavam sob antibioterapia de largo espectro há mais de 48 horas,
podendo este facto subvalorizar o número de doentes com ITU consequente à algaliação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Stamm WE. Catheter-associated urinary tract infections: epidemiology, pathogenesis and prevention. Am J Med 1991;91(3B):65S-71S

Stain S, Lipsky BA. Preventing catheter-related bacteriuria: should we? Can we? How? Arch Intern Med 1999 ;159(8):800-808.

Tambyah PA, Maki DG. Catheter-associated urinary tract infection is rarely symptomatic: a prospective study of 1497 catheterized patiens. Arch Intern Med 2000;160:678-682.

Maki DG. Nosocomial bacteremia. An epidemiologic overview. Am J Med An epidemiologic overview. Am J Med1981;70:719-732.

Platt R, Polk BF, Murdock B, Rosner B. Mortality associated with nosocomial urinary-tract infection. N Engl J Med 1982;307:637-641. N Engl J Med 1982;307:637-641.

Kunin CM, Douthitt S, Dancing J, Anderson J, Moeschberger M. The association between the use of urinary catheters and morbidity and mortality among elderly patients in nursing homes. Am J Epidemiol 1992;135:291-301.

Jarvis WR, Martone WJ. Predominant pathogens in hospital infections. Antimicrob Chemother 1992;29:19-24.

Jain P, Parada JP, David A, Smith LG. Overuse of the indwelling urinary tract catheter in hospitalized medical patients. Arch Intern Med 1955;155:1425-1429.

Sanjay Saint. Indwelling urinary catheters: a one-point restraint? Ann Intern Med 2002 ;137(2):125:7

Platt R, Polk BF, Murdock B, Rosner B. Risk factors for nosocomial urinary tract infection. Am J Epidemiol 1986;124:977-985.

Maki DG, Tambyah PA. Engineering out the risk of infection with urinary catheters. Emerging Infectious Disease 2001; 7(2):2:5

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-03-2007

Como Citar

1.
Dória M do C, Barros F, Vicente AV, Araújo JL. Incidência da infecção do tracto urinário em doentes com cateter vesical numa enfermaria de Medicina. RPMI [Internet]. 30 de Março de 2007 [citado 4 de Novembro de 2024];14(1):12-5. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1527

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)