Incidência da infecção do tracto urinário em doentes com cateter vesical numa enfermaria de Medicina
Palavras-chave:
Infecção urinária, cateter vesical, bacteriúriaResumo
Introdução e objectivos: A cateterização vesical é um importante
aspecto dos cuidados médicos. Até 25% dos doentes internados são algaliados e, numa proporção substancial dos casos, o
cateter vesical (CV) é usado indevidamente. A infecção do tracto
urinário relacionada com a cateterização vesical (ITUCV) é a
infecção nosocomial mais frequente, correspondendo a cerca de 40% dos casos.
No nosso hospital a maioria dos doentes admitidos na enfermaria provém do serviço de urgência, onde permanecem por
período variável até à existência de vaga. Nesse contexto, e face
à constatação de elevado número de doentes algaliados aquando
da admissão na enfermaria, pretendeu-se avaliar a incidência da ITUCV nessa população.
Material e métodos: Durante os meses de Novembro de 2004
a Maio de 2005 foram estudados os doentes provenientes do
Serviço de Urgência que se encontravam algaliados aquando do
seu internamento na enfermaria. Destes, apenas os que tinham
indicação para manter o CV permaneceram algaliados; aos restantes foi feita colheita de urina asséptica e retirado o cateter.
Foram excluídos os doentes admitidos com o diagnóstico de infecção urinária.
Foi avaliado o motivo invocado para a algaliação, a distribuição
dos doentes por sexo e grupo etário, a percentagem de doentes
com urinocultura positiva e quais os agentes identificados.
Resultados: No período estudado o número de doentes admitidos com CV na enfermaria de Medicina foi de 60, correspondendo
a 15% dos internamentos em igual período. O motivo de algaliação
foi, em 66,7% dos casos, o registo de diurese, em 10,0% a
retenção urinária, e em 21.7% não estava especificada.
Dos doentes estudados, 93,3% (n=56) já não apresentavam
indicação para manter algaliação, sendo a urocultura positiva
em 23,2% dos casos (n=13), todos com CV colocado há mais
de 3 dias. Dos doentes com urinocultura negativa (n=40), 65%
estavam sob antibioterapia de largo espectro há mais de 48 horas,
podendo este facto subvalorizar o número de doentes com ITU consequente à algaliação.
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