Escorbuto, Deveria Deixar de Ser Uma Surpresa?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24950/CC/252/19/2/2020

Palavras-chave:

Alcoolismo, Deficiências de Vitaminas, Desnutrição, Escorbuto

Resumo

Os autores relatam o caso clínico de um homem de 77 anos com história de etilismo crónico que residia em condições socioeconómicas precárias numa região suburbana, admitido no hospital por hematoma espontâneo na coxa esquerda sem compromisso neurovascular. A avaliação complementar reve- lou pancitopenia (hemoglobina 6,4 g/dL; hematócrito 19%; leucocitos 2600/L; plaquetas 126000/L), macrocitose (VGM 113fL), hiperbilirrubinemia (total 2,64 mg/dL), tempo de pro- trombina prolongado (INR 1,47), hipoalbuminemia (2,8 mg/dL) e alterações fibróticas na arquitetura estrutural do fígado visíveis na ecografia abdominal. No internamento, verificaram-se alterações semiológicas sugestivas de escorbuto (lesão purpúrica nos membros inferiores, hemorragia perifolicular, pápulas hemorrágicas, pêlos em saca-rolha e hipertrofia gengival). A hipótese diagnóstica de hipovitaminose C foi confirmada perante doseamento < 1 mg/L, para além de déficit de vitamina B12 e ácido fólico. Iniciou-se suplementação vitamínica e otimização dietética, resultando numa evolução favorável das alterações clínicas e laboratoriais associados ao escorbuto. Com a descrição deste caso, os autores pretendem alertar para a associação entre má nutrição, etilismo e carência económica com subsequente hipovitaminose C. O reconhecimento das manifestações clínicas de escorbuto e diagnóstico atempado permite evitar investigação desnecessária e tratamento eficaz de uma entidade que acarreta grande morbilidade e mortalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Moynan D, O’Riordan R, O’Connor R, Merry C. Tetanus – a rare but real threat. IDCases. 2018;12:16-17. doi: 10.1016/j.idcr.2018.02.004.

Chalya PL, Mabula JB, Dass RM, Mbelenge N, Mshana SE, Gilyoma JM. Ten-year experiences with tetanus at a Tertiary hospital in Northwestern Tan- zania: A retrospective review of 102 cases. World J Emerg Surg. 2011;6:20. doi: 10.1186/1749-7922-6-20.

Cook TM, Protheroe RT, Handel JM. Tetanus: a review of the literature. Br J Anaesth. 2001; 87:477-87.

Thwaites CL. Tetanus. Pract Neurol.2002; 3:130–7.

Bjørnar H. Tetanus: pathophysiology, treatment, and the possibility of using botulinum toxin against tetanus-induced rigidity and spasms. Toxins. 2013;5:73-83. doi: 10.3390/toxins5010073.

Farrar JJ, Yen LM, Cook T, Fairweather N, Binh J, Parru CM. Tetanus. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2000;69:292–301.

Ogunrin OA. Tetanus – a review of current concepts in management. Benin J Postgrad Med. 2009; 46-61. doi:11: 10.4314/bjpm.v11i1.48828

Ablett JJL. Analysis and main experiences in 82 patients treated in the Leeds Tetanus Unit. In: Ellis M, editor. Symposium on tetanus in Great Britain. Boston: Leeds General Infirmary; 1967. p.1–10.

Okoromah CN, Lesi FE. Diazepam for treating tetanus. Cochrane Database Syst Rev. 2004;1:CD003954.

Chaturaka R, Deepika F, Senaka R. Pharmacological management of tetanus: an evidence-based review. Crit Care. 2014;18:217. doi: 10.1186/ cc13797.

American Academy of Pediatrics. Summaries of Infection Diseases. In: Kimberlin DW, Brady MT, Jackson MA, Long SS, editors. Red Book: 2015 Report of the Committee on Infectious Diseases. 30th ed. Elk Grove Village:AAP; 2015. p.773-8.

Downloads

Publicado

05-12-2021

Como Citar

1.
Watts Soares A, Falcão L, Maia M, Visconti V, Espírito Santo J, Oliveira I. Escorbuto, Deveria Deixar de Ser Uma Surpresa?. RPMI [Internet]. 5 de Dezembro de 2021 [citado 24 de Novembro de 2024];27(2):161-4. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/161

Edição

Secção

Casos Clínicos

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)