Gestão de Anticoagulantes Orais Directos num Serviço de Urgência
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.2493Palavras-chave:
Administração Oral, Anticoagulantes, Inibidores do Fator Xa, Serviço de Urgência HospitalarResumo
Introdução: Os anticoagulantes orais diretos tornaram-se
comummente utilizados em várias patologias, em detrimento dos antagonistas da vitamina K ou da heparina de baixo peso molecular, sendo crucial a resposta do Serviço de Urgência na gestão dos seus potenciais efeitos adversos e na sua reversão para realização de procedimentos invasivos urgentes. Os testes de coagulação habitualmente realizados correlacionam-se pouco com a concentração plasmática dos anticoagulantes orais diretos, sendo necessário o doseamento de anti-Xa ou anti-IIa.
Métodos: Este estudo analisa os processos clínicos de doentes admitidos no Serviço de Urgência sob anticoagulantes orais diretos e submetidos a doseamento de anti-Xa ou anti-IIa, durante um período de 6 meses.
Resultados: Dos 88 doentes nessas condições, a principal
indicação para hipocoagulação era a presença de fibrilhação ou flutter auricular e eventos trombóticos prévios. O doseamento de anti-Xa ou anti-IIa foi essencialmente realizado por eventos hemorrágicos ou necessidade urgente de procedimentos técnicos invasivos.
À admissão, a maioria dos doentes tinha níveis de anticoagulantes orais diretos superiores a 50 ng/mL e mais de metade dos doentes teve necessidade de suspensão do fármaco à data de alta (até nova reavaliação). Realizaram complexo protrombínico, 26% e 5% fizeram idarucizumab para reversão da sua acção, face à gravidade clínica, não tendo sido possível a administração de andexanet alfa dado a sua indisponibilidade no hospital. Quanto às readmissões aos 6 meses, apenas 5 doentes foram novamente ao Serviço de Urgência, todos por hemorragia recorrente ou anemia, sem registos de eventos tromboembólicos nesse mesmo período.
Conclusão: O doseamento de anti-Xa ou anti-IIa minimizou
complicações desnecessárias associadas a procedimentos
técnicos invasivos ou cirúrgicos urgentes. A criação de protocolos no Serviço de Urgência, acessíveis a todas as especialidades que aí trabalham, quanto à utilização da quantificação de anticoagulantes orais diretos e principais indicações, deverá ser uma prioridade na gestão da anticoagulação, guiando decisões clínicas e reduzindo a duração de internamento hospitalar, comorbilidades e mortalidade.
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