Terapêutica Biológica na Doença de Behçet: A Experiência de um Centro

Autores

  • Luísa Serpa Pinto Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Sara Xavier Pires Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portuga
  • Graziela Carvalheiras Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portuga
  • Ana Campar Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • António Marinho Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portuga
  • Fátima Farinha Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • Carlos Vasconcelos Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portugal
  • João Araújo Correia Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Porto, Portuga

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.o.13.4.2021

Resumo

Introdução: A doença de Behçet (DB) é uma vasculite sistémica de causa indeterminada. Várias citocinas, como o TNF-α, parecem desempenhar um papel na patogénese. Desde modo, o uso de biológicos como fármacos anti- TNF-α têm aumentado, no controle das manifestações graves ou refratárias da DB.

 

Este estudo teve como objetivo a descrição dos resultados obtidos com biológicos na DB.

 

Material e Métodos: Estudo longitudinal, prospectivo, unicêntrico de doentes seguidos em consulta especializada. Recolhemos dados relativamente às manifestações, tratamentos e resultados obtidos durante o seguimento.

 

Resultados: A coorte inclui 243 doentes, 31% homens. Vinte doentes (8%) realizaram biológicos. Os doentes que foram submetidos a biológicos são mais novos (p = 0,030), têm menos aftose genital (p = 0,009), e mais frequentemente eritema nodoso (p = 0,009), poliartrite (p=0,002), espondiloartrite (p = 0,024), vasculite retiniana (p = 0,011) e manifestações gastrointestinais (p = 0,024), nomeadamente úlcera gastroduodenal (p = 0,035), hemorragia digestiva (p = 0,002), e perfuração intestinal (p = 0,004). Foram usados fármacos anti-TNF-α em todos os doentes, mais frequentemente infliximab. Os biológicos foram iniciados após falência de resposta aos imunossupressores clássicos, e a maioria dos doentes entrou em remissão da doença após (93%). Três doentes desenvolveram tuberculose durante o tratamento, apesar de efetuarem testes de rastreio regulares. Foi possível parar o biológico em cinco doentes até então, sem recorrência, com um período médio de seguimento de 33 meses desde a suspensão.

 

Discussão: Os biológicos anti-TNF-α são altamente eficazes nas manifestações da DB refratária, embora não sejam inócuos. Pouco se sabe relativamente à duração ótima destas terapêuticas, quando e como parar. Isto é importante não só para evitar recidivas, mas também para reduzir os efeitos secundários.

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Publicado

23-12-2021

Como Citar

1.
Serpa Pinto L, Xavier Pires S, Carvalheiras G, Campar A, Marinho A, Farinha F, Vasconcelos C, Araújo Correia J. Terapêutica Biológica na Doença de Behçet: A Experiência de um Centro. RPMI [Internet]. 23 de Dezembro de 2021 [citado 18 de Dezembro de 2024];28(4). Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/267

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