Como morrem os doentes numa enfermaria de Medicina Interna
Palavras-chave:
cuidados paliativos, doença crónica, dorResumo
Os doentes com doença crónica avançada são uma presença
diária nas enfermarias de Medicina Interna, não existindo um protocolo de intervenção universal e uniforme. Este estudo pretende
ser uma primeira abordagem para avaliar a forma como tratamos
e cuidamos destes doentes, quer de etiologia neoplásica, quer
de outras doenças crónicas, igualmente consumptivas, como
demência, insuficiência cardíaca, VIH/SIDA, doença pulmonar
crónica obstrutiva (DPCO). Foram recolhidas informações retrospectivas dos processos clínicos acerca das atitudes e tratamentos
prestados a 285 doentes falecidos em 16 meses num hospital de
agudos em Lisboa. A caracterização epidemiológica da população
foi a esperada, com predominio de população idosa, dependente,
com prevalência de doenças cardíacas e acidentes vasculares
cerebrais (AVC), como diagnósticos principais, seguidas de demência e doenças respiratórias. Do total de falecimentos, 73%
foram esperados, mas destes apenas 44% dos doentes estavam
integrados em cuidados paliativos. A dor foi avaliada principalmente em doentes de foro neoplásico, sendo a analgesia administrada
em 77% dos casos. A decisão de receberem cuidados paliativos
foi discutida com a família em 26% dos doentes, mas não foi
em nunhum caso discutido com o próprio doente. Consideramos
que é necessário formação e informação para uma abordagem
mais sistematizada do doente com doença crónica avançada e
das suas necessidades. A definição explícita das expectativas de
vida e uma abordagem sistemática da pesquisa de dor em todos
estes, é necessária para garantir melhor qualidade dos cuidados
prestados em fim de vida.
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