Desafios da Referenciação para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados: A Experiência num Hospital
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.213Palavras-chave:
Hospitalização, Prestação Integrada de Cuidados de Saúde;, Tempo de InternamentoResumo
Introdução: Em 2006, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi criada em Portugal para dar resposta às necessidades de uma população com comorbilidades crescentes. O objetivo deste estudo é avaliar o tempo de hospitalização e complicações médicas de doentes referenciados para a rede no mesmo período de quatro anos distintos.
Material e Métodos: Estudo observacional, retrospetivo, de doentes com patologia médica referenciados do internamento nos meses de abril a junho de 2010, 2012, 2016 e 2019.
Dados demográficos, clínicos e referentes à referenciação
foram obtidos dos processos clínicos. Análise estatística feita
com IBM SPSS Statistics®, p < 0,05 considerado estatisticamente significativo.
Resultados: Foram incluídos 205 doentes. Os principais
motivos de admissão foram infeção (37,1%) e evento cerebrovascular agudo (35,6%) e o de referenciação foi reabilitação funcional (79,5%). Verificou-se um aumento do tempo de internamento ao longo dos anos (p < 0,001) e desde a referenciação até à alta hospitalar, p = 0,04. Após alta clínica, 42,9% desenvolveram complicações médicas e após alta hospitalar pelo menos 31,3% tiveram necessidade de reinternamento até 3 meses após a alta. O número de complicações não aumentou ao longo dos anos.
Discussão: O incremento nos tempos de hospitalização ao
longo dos anos desde a criação da rede implica sobrecarga
nos cuidados de saúde hospitalares, mesmo não se verificando o aumento de intercorrências clínicas antes e após a alta.
Conclusão: É notória a necessidade de reforçar a rede e o
apoio social ao doente crónico e de criar estudos para avaliar o impacto económico e para a saúde da referenciação hospitalar.
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