Trombose Venosa Cerebral: Uma Visão de 11 Anos Numa Unidade de AVC
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.289Palavras-chave:
Acidente Vascular Cerebral/diagnóstico por imagem, Trombose Venosa/diagnóstico por imagemResumo
Introdução: A trombose venosa cerebral (TVC) é um tipo raro de acidente vascular cerebral (AVC) mais frequente em mulheres jovens. Geralmente tem manifestações inespecíficas, sendo o diagnóstico imagiológico. O tratamento de primeira linha é a anticoagulação. O nosso objetivo foi caracterização da população diagnosticada com TVC na Unidade de AVC do Centro Hospitalar de Setúbal.
Métodos: Estudo retrospetivo e descritivo dos casos de TVC internados na Unidade de AVC entre 2008 e 2018. Os dados foram colhidos do registo informático hospitalar e registados numa base de dados. Analisámos características demográficas, clínicas, imagiológicas, dados da investigação etiológica e outcome funcional (Escala de Rankin modificada).
Resultados: Dos 27 pacientes incluídos, 21 (78%) foram mulheres e a idade média foi de 43,5 anos. A apresentação mais frequente foi a cefaleia (96,3%). A contraceção oral constituiu o fator de risco mais comum (44,4%). O exame inicial foi a tomografia computorizada crânio-encefálica (TC-CE) em 23 (85,2%) utentes, dos quais 20 apresentaram características evocativas de TVC. O diagnóstico foi confirmado por venoTC ou ressonância magnética crânio-encefálica (RM-CE). Mais de metade apresentaram envolvimento de mais do que uma estrutura venosa. A heparina foi administrada a todos os pacientes e o estado clínico à alta foi favorável em 25 casos.
Conclusão: A TVC afetou sobretudo mulheres jovens, sendo a contraceção oral um fator de risco preponderante. O quadro clínico foi tendencialmente inespecífico, sendo que as cefaleias foram a manifestação mais frequente. Perante suspeita clínica significativa, uma TC-CE negativa não exclui o diagnóstico e a investigação deve ser prosseguida com RM-CE e angiografia por ressonância magnética (angio-RM). É importante o reconhecimento desta patologia, que continua subdiagnosticada.
Downloads
Referências
Saposnik G, Barinagarrementeria F, Brown RDJr, Bushnell CD, Cucchiara B, Cushman M,et al. Diagnosis and management of cerebral venous thrombosis: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2011; 42: 1158-92.
Bousser MG, Ferro JM. Cerebral venous thrombosis: an update. Lancet Neurol. 2007; 6: 162-70.
Santos G, André R, Pereira S, Parreira T, Machado E. Trombose venosa cerebral: análise retrospectiva de 49 casos. Acta Méd Port. 2011;24:21-8.
Ferro JM, Canhão P, Stam J, Bousser MG, Barinagarrementeria F. Prognosis of cerebral vein and dural sinus thrombosis: results of the International Study on Cerebral Vein and Dural Sinus Thrombosis (ISCVT). Stroke. 2004; 35: 664-70.
Coutinho JM, Ferro JM, Canhão P, Barinagarrementeria F, Cantú C, Bousser MG,et al. Cerebral Venous and Sinus Thrombosis in Women. Stroke. 2009; 40: 2356-61.
Coutinho J, de Bruijn SF, Deveber G, Stam J. Anticoagulation for cerebral venous sinus thrombosis. Cochrane Database Syst Rev. 2011; 2011: Cd002005.
de Bruijn SF, de Haan RJ, Stam J. Clinical features and prognostic factors of cerebral venous sinus thrombosis in a prospective series of 59 patients. For The Cerebral Venous Sinus Thrombosis Study Group. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2001;70:105-08.
Ferro JM, Bousser MG, Canhão P, Coutinho JM, Crassard I, Dentali F, et al. European Stroke Organization guideline for the diagnosis and treatment of cerebral venous thrombosis - endorsed by the European Academy of Neurology. Eur J Neurol. 2017;24:1203-13. doi: 10.1111/ene.13381
Kernan WN, Ovbiagele B, Black HR, Bravata DM, Chimowitz MI, Ezekowitz MD, et al. Guidelines for the prevention of stroke in patients with stroke and transient ischemic attack: a guideline for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2014; 45: 2160-236.
Borhani Haghighi A, Edgell RC, Cruz-Flores S, Feen E, Piriyawat P, Vora N, et al. Mortality of cerebral venous-sinus thrombosis in a large national sample. Stroke. 2012;43:262-4.
Stam J. Thrombosis of the Cerebral Veins and Sinuses. New Engl J Med. 2005;352:1791-8.
Kimber J. Cerebral venous sinus thrombosis. QJM. 2002;95:137-42. doi: 10.1093/qjmed/95.3.137.
Bousser MG, Chiras J, Bories J, Castaigne P. Cerebral venous thrombosis-- -a review of 38 cases. Stroke. 1985;16:199-213.
Renowden S. Cerebral venous sinus thrombosis. Eur Radiol. 2004;14:215- 26.
Ashjazadeh N, Borhani Haghighi A, Poursadeghfard M, Azin H. Cerebral venous-sinus thrombosis: a case series analysis. Iran J Med Sci. 2011; 36: 178-82.
Martinelli I, Sacchi E, Landi G, Taioli E, Duca F, Mannucci PM. High risk of cerebral-vein thrombosis in carriers of a prothrombin-gene mutation and in users of oral contraceptives. N Engl J Med. 1998; 338: 1793-7. doi: 10.1056/NEJM199806183382502.
de Bruijn SF, Stam J, Koopman MM, Vandenbroucke JP. Case-control study of risk of cerebral sinus thrombosis in oral contraceptive users and in [correction of who are] carriers of hereditary prothrombotic conditions. The Cerebral Venous Sinus Thrombosis Study Group. BMJ. 1998; 316: 589-92.
Ferro JM, Canhão P, Bousser MG, Stam J, Barinagarrementeria F. Cerebral vein and dural sinus thrombosis in elderly patients. Stroke. 2005; 36: 1927-32.
Marjot T, Yadav S, Hasan N, Bentley P, Sharma P. Genes associated with adult cerebral venous thrombosis. Stroke. 2011;42:913-8. doi: 10.1161/ STROKEAHA.110.602672
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Categorias
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Medicina Interna
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Direitos de Autor (c) 2023 Medicina Interna
Acesso livre