Ventilação Não-Invasiva na Falência Respiratória Aguda
DOI:
https://doi.org/10.24950/O/320/20/2/2021Palavras-chave:
Síndrome da Dificuldade Respiratória, Ventilação Não InvasivaResumo
Introdução: A ventilação não invasiva (VNI) é uma opção válida, ainda que não consensual, no tratamento de doentes com falência respiratória aguda. O presente artigo tem o objetivo de identificar fatores preditores de resposta à VNI neste grupo de doentes.
Métodos: Estudo retrospectivo longitudinal que incluiu todos os doentes admitidos numa unidade de cuidados intensivos nos anos 2016 e 2017, nos quais a VNI foi utilizada no decurso de falência respiratória aguda de novo (PaO2/ FiO2 < 200). Foram incluídos doentes com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) e síndrome da dificuldade respiratória aguda (SDRA) e comparados doentes com resposta à VNI com os não respondedores.
Resultados: Entre 2016 e 2017, 83 doentes com falência respiratória aguda de novo foram tratados com VNI. Destes, 50 (60%) foram tratados com sucesso. A causa mais comum de falência respiratória foi a PAC, que registou valores de resposta à VNI de 70%. Doentes respondedores à terapêutica de ventilação não invasiva apresentaram scores de gravidade (APACHE 2; SAPS 2; SOFA) inferiores à admissão (17,5; 37,5; 6 vs 22; 48; 9, p=0,014, p<0,01 e p<0,01, respetivamente). Os não respondedores apresentaram valores significativamente inferiores de pH arterial (7,35 vs 7,42, p<0,01), rácio PaO2/FiO2 (118 vs 145, p=0,03), e valores significativamente superiores de lactato sérico (2,2 vs 1,46, p<0,01) assim como maior necessidade de suporte vasopressor (51,5% vs 30%, p=0,04). No que diz respeito a dados gasimétricos após início de VNI, o rácio PaO2/FiO2 registou um aumento superior e estatisticamente significativo no grupo de doentes com resposta à VNI (+53, p<0,01 vs +14, p=0,09).
Conclusão: A VNI foi eficaz como estratégia ventilatória em 60% dos doentes com falência respiratória aguda. Os doentes que aparentam ter maior probabilidade de resposta à introdução da VNI são: doentes com PAC, com ou sem SDRA moderado (em detrimento do SDRA severo), doentes sem acidemia respiratória e doentes sem hiperlactacidemia e/ou necessidade de suporte vasopressor. A melhoria do ratio PaO2/FiO2 após as primeiras duas horas de VNI parece ser um bom preditor de sucesso.
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