A Crise dos Serviços de Urgência em Portugal 2015: Conjugação de Velhos e Novos Problemas para um Mau Resultado
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.870Palavras-chave:
Medicina Interna, Serviço de Urgência Hospitalar, Profissionalização da UrgênciaResumo
O caos no Serviço de Urgência (SU) ocorre sempre que a procura excede a capacidade instalada, que nunca é suficiente
quando um hospital recebe por dia quase o dobro do número
habitual de doentes. Enquanto os Cuidados Primários não derem alternativas credíveis para o tratamento da doença aguda,
as pessoas continuarão a acorrer às centenas à urgência hospitalar, mesmo sabendo das muitas horas que irão ter de esperar.
Não sabem se a queixa que os aflige é coisa banal ou indício de
doença grave. Vêm ao SU por que é a única porta aberta confiável e temem pela sua vida. Outro velho problema, é o rápido
esgotamento da capacidade de internamento dos hospitais em
função do aumento das necessidades impostas pelo SU. A profissionalização das Equipas de Urgência não é a solução para
o SU sobrelotado, mas tem sido apresentada pelos defensores
deste modelo como se fosse. Em, Portugal, enquanto os doentes chegarem às centenas ao SU, sem qualquer triagem médica,
e mais de 93% dos internamentos se fizerem através da urgência, é fundamental a visão holística do doente, garantida pelo
Internista. Só assim pode ser assegurada a qualidade assistencial, a unidade institucional e evitar as altas indevidas. Neste ano
de 2015 houve uma conjunção de factores que redundaram no
péssimo resultado a que assistimos. A vacina da gripe não era
tão eficaz. Os doentes eram mais velhos, tinham mais doenças,
muito mais carências sociais, com acréscimo substancial das
necessidades de internamento. A austeridade económica levou
á redução das equipas de médicos e enfermeiros e extorquiulhes a ambos qualquer motivação racional. Era natural que se
formasse uma tempestade com os primeiros ventos. Não sei
quem ficou surpreendido. Os Internistas não ficaram.
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