Contextualizando a Elevada Prevalência de Anemia na População Portuguesa: Perceção, Caracterização e Preditores: Um Sub-Estudo do EMPIRE

Autores

  • Filipa Marques 1.Anemia Working Group Portugal 2.NOVA Medical School, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal 3. Serviço de Medicina III; Hospital São Francisco Xavier, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Cândida Fonseca 1.Anemia Working Group Portugal 2.NOVA Medical School, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal 3. Serviço de Medicina III; Hospital São Francisco Xavier, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • António Robalo Nunes 1. Anemia Working Group Portugal 2. Serviço de Imunohemoterapia; Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal
  • Aurora Belo 1. Anemia Working Group Portugal 2. OM Pharma, Lisboa, Portugal
  • Dialina Brilhante 1. Anemia Working Group Portugal 2. Serviço de Patologia Clínica; Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
  • José Cortez 1. Anemia Working Group Portugal 2. NOVA Medical School, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal 3. Serviço de Patologia Clínica; Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.838

Palavras-chave:

Ácido Fólico, Anemia/tratamento, Anemia Ferropénica, Ferro/deficiência, Portugal, Prevalência, Factores de Risco, Vitamina B12

Resumo

Introdução: A anemia é um problema de saúde pública,
com impacto negativo na qualidade de vida. Pretendemos
avaliar a perceção do diagnóstico de anemia na população
portuguesa bem como as suas características e identificar
preditores de risco.
Material e Métodos: Estudo epidemiológico transversal envolvendo
amostra de 7890 adultos representativos da população
portuguesa. Foram inquiridos sobre características
demográficas, antropométricas, clínicas e sua perceção relativamente
ao diagnóstico de anemia. Determinámos níveis
séricos de hemoglobina, ferritina, creatinina por point-of-care.
A anemia foi classificada segundo critérios da Organização
Mundial de Saúde.
Resultados: Apesar duma prevalência de anemia estimada
em 20,6% em Portugal (estudo EMPIRE), apenas 10,2% dos
participantes referiram já lhes ter sido diagnosticada anemia.
A perceção de anemia foi mais elevada na região de Lisboa
e Vale do Tejo (20,6%). Foi referida como sendo sobretudo
carencial (57,7%) e ferropénica (52,7%). Apenas 52,6% dos
participantes a quem já fora diagnosticada anemia reportou
ter realizado tratamento, sendo a suplementação de ferro o
tratamento mais comum. Aquando do estudo, apenas 0,8%
dos participantes com anemia “medida” realizava tratamento
dirigido. Identificaram-se como preditores de risco: género
feminino, idade ≥ 80 anos, dieta vegetariana, situação profissional “estudante”, medicação com anticoagulantes ou protetores
gástricos, insuficiência renal e presença de ferropénia.
Discussão e Conclusões: Apesar da anemia afetar aproximadamente
um em cada cinco portugueses, a perceção de
doença é preocupantemente baixa, sugerindo uma elevada
taxa de casos não diagnosticados/não tratados, sendo por
isso urgente desenvolver estratégias para melhorar o conhecimento
desta situação, especialmente nos grupos identificados
como sendo de maior risco.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. Worldwide prevalence of anemia 1993-2005. WHO Global Database on Anaemia. Geneva: WHO; 2008.

World Health Organization. Assessing the Iron Status of populations. Geneva: WHO; 2007.

Balarajan Y, Ramakrishnan U, Ozaltin E, Shankar AH, Subramanian SV. Anaemia in low-income and middle-income countries. Lancet.

;378:2123–35.

Carmel R. Nutritional anemias and the elderly. Semin Hematol. 2008;45:225–34.

Steinberg MH. Genetic etiologies for phenotypic diversity in sickle cell anemia. Sci World J. 2009;9:46–67.

Davis SL, Littlewood TJ. The investigation and treatment of secondary anaemia. Blood Rev. 2012;26:65–71.

Weiss G, Goodnough LT. Anemia of chronic disease. N Engl J Med. 2005;352:1011–23.

Kalaivani K. Prevalence & consequences of anaemia in pregnancy. Indian J Med Res. 2009;130:627–33.

Bentley ME, Griffiths PL. The burden of anemia among women in India. Eur J Clin Nutr. 2003;57:52–60.

Monarrez-Espino J, Martinez H, Greiner T. Iron deficiency anemia in Tarahumara women of reproductive-age in northern Mexico. Salud Publica Mex. 2001;43:392–401.

Singh K, Fong YF, Arulkumaran S. Anaemia in pregnancy--a cross-sectional study in Singapore. Eur J Clin Nutr. 1998;52:65–70.

Friedman AJ, Chen Z, Ford P, Johnson CA, Lopez AM, Shander A, et al. Iron deficiency anemia in women across the life span. J Womens Health. 2012;21:1282–9.

Coad J, Pedley K. Iron deficiency and iron deficiency anemia in women. Scand J Clin Lab Invest Suppl. 2014;244:82–9; discussion 89.

World Health Organization. Iron deficiency anaemia: assessment, prevention and control. A guide for programme managers. Geneva: WHO; 2001.

Marx JJ. Iron deficiency in developed countries: prevalence, influence of lifestyle factors and hazards of prevention. Eur J Clin Nutr. 1997;51:491–4.

Tolentino K, Friedman JF. An update on anemia in less developed countries. Am J Trop Med Hyg. 2007;77:44–51.

Aspuru K, Villa C, Bermejo F, Herrero P, Lopez SG. Optimal management of iron deficiency anemia due to poor dietary intake. Int J Gen Med. 2011;4:741–50.

Bungiro R, Cappello M. Twenty-first century progress toward the global control of human hookworm infection. Curr Infect Dis Rep. 2011;13:210–7.

Johnson-Wimbley TD, Graham DY. Diagnosis and management of iron deficiency anemia in the 21st century. Ther Adv Gastroenterol.

;4:177–84.

Hercberg S, Preziosi P, Galan P. Iron deficiency in Europe. Public Health Nutr. 2001;4:537–45.

Fonseca C, Marques F, Robalo Nunes A, Belo A, Brilhante D, Cortez J. Prevalence of anaemia and iron deficiency in Portugal: the EMPIRE study. Intern Med J. 2016;46:470–8.

Hoffmeyer-Zlotnik JH. New Sampling Designs and the Quality of Data. Dev Appl Stat. 2003;19:205–17.

Sullivan KM, Dean A, Soe MM. OpenEpi: a web-based epidemiologic and statistical calculator for public health. Public Health Rep 2009;124:471–4.

Stauder R, Thein SL. Anemia in the elderly: Clinical implications and new therapeutic concepts. Haematologica. 2014;99:1127–30.

Dwyer JT. Nutritional consequences of vegetarianism. Annu Rev Nutr. 1991;11:61–91.

Obeid R, Geisel J, Schorr H, Hubner U, Herrmann W. The impact of vegetarianism on some haematological parameters. Eur J Haematol.

/12/04. 2002;69(5–6):275–9.

Kulnigg S, Gasche C. Systematic review: managing anaemia in Crohn’s disease. Aliment Pharmacol Ther. 2006;241507–23.

Shah R, Agarwal AK. Anemia associated with chronic heart failure: current concepts. Clin Interv Aging. 2013;8:111–22.

~

Lankhorst CE, Wish JB. Anemia in renal disease: diagnosis and management. Blood Rev. 2010;24:39–47.

Wittwer I. Iron deficiency anaemia in chronic kidney disease. J Ren Care. 2013;39:182–8.

Aapro M, Österborg A, Gascón P, Ludwig H, Beguin Y. Prevalence and management of cancer-related anaemia, iron deficiency and the specific role of i.v. iron. Ann Oncol. 2012;23:1954–62.

Gilreath JA, Stenehjem DD, Rodgers GM. Diagnosis and treatment of cancer-related anemia. Am J Hematol. 2014;89:203–12.

Gafter-Gvili A, Rozen-Zvi B, Vidal L, Leibovici L, Vansteenkiste J, GafterU, et al. Intravenous iron supplementation for the treatment of chemotherapy-induced anaemia - systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Acta Oncol. 2013;52:18–29.

Bormanis J, Quirt I, Chang J, Kouroukis CT, MacDonald D, Melosky B, et al. Erythropoiesis-stimulating agents (ESAs): do they still have a

role in chemotherapy-induced anemia (CIA)? Crit Rev Oncol Hematol.2013;87:132–9.

Groopman JE, Itri LM. Chemotherapy-induced anemia in adults: incidence and treatment. J Natl Cancer Inst. 1999;91:1616–34.

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-12-2016

Como Citar

1.
Marques F, Fonseca C, Robalo Nunes A, Belo A, Brilhante D, Cortez J. Contextualizando a Elevada Prevalência de Anemia na População Portuguesa: Perceção, Caracterização e Preditores: Um Sub-Estudo do EMPIRE. RPMI [Internet]. 30 de Dezembro de 2016 [citado 19 de Abril de 2024];23(4):26-38. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/838

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)