Fibrose retroperitoneal idiopática: evolução atípica

Resumo

Os autores apresentam o caso de uma mulher de 68 anos que,
sem antecedentes patológicos relevantes, foi enviada à Urgência
hospitalar por um quadro clínico e laboratorial de retenção azotada
grave, anemia e velocidade de sedimentação elevada, hematoproteinúria, e TC abdominal revelando massa retroperitoneal
envolvendo a aorta, veia cava inferior e ureteres, condicionando
uretero-hidronefrose bilateral. Tanto a sintomatologia como as
alterações laboratoriais da função renal tinham entretanto normalizado espontaneamente à data do internamento, persistindo
apenas as alterações radiológicas. A biopsia cirúrgica revelou
aspectos compatíveis com fibrose retroperitoneal benigna e, não
havendo sinais clínicos doutra doença associada nem alterações
laboratoriais ou imagiológicas suspeitas doutra patologia, considerou-se a fibrose retroperitoneal como idiopática. Optou-se por
colocação temporária bilateral de “stents” ureterais, associando-se corticoterapia, mais tarde complementada por azatioprina,
conseguindo-se, até dois anos depois, uma estabilização do
quadro clínico.
Em complemento à apresentação do caso fez-se uma revisão
bibliográfica sobre o tema da fi brose retroperitoneal idiopática,
no que respeita à etiopatogenia, clínica e diagnóstico, terapêutica
e evolução.