Dengue: caracterização clínico-laboratorial dos doentes internados durante a 1ª epidemia europeia do séc XXI e revisão da literatura

Autores

  • T. Esteves Freitas Hospital Central do Funchal
  • T. Henriques Hospital Central do Funchal
  • S. Chaves Hospital Central do Funchal
  • S. Silva Hospital Central do Funchal
  • P. Rebelo Freitas Hospital Central do Funchal
  • M.L. Brazão Hospital Central do Funchal

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.1002

Palavras-chave:

dengue, Aedes aegypti, febre, trombocitopenia, leucopenia, disfunção hepática, tratamento de suporte

Resumo

Introdução e objectivo: A dengue é uma entidade que historicamente vem
descrita na literatura desde pelo menos o século XVIII. Nos últimos anos
houve uma intensificação da transmissão viral assim como um aumento
da incidência de febre hemorrágica da dengue a nível mundial potenciado
por uma urbanização crescente, um aumento populacional e da sua mobilidade, e por alterações climáticas. O vector de transmissão da doença é o mosquito Aedes aegypti. A maioria das infeções são subclínicas. Existem
três fases de doença: febril, crítica e de recuperação. Os sinais e sintomas
mais frequentes são: febre, flushing facial, mialgias, artralgias, dor retro
-orbitária, fotofobia e cefaleias. As manifestações hemorrágicas podem
também ocorrer. Analiticamente os achados mais característicos são:
trombocitopenia, leucopenia e disfunção hepática (aumento de enzimas e
prolongamento do INR). Os autores apresentam os casos de dengue com
necessidade de internamento no Hospital Central do Funchal durante a 1ª
epidemia europeia de casos não importados de dengue do século XXI. O
objectivo do estudo foi avaliar as características demográficas, evolução
clínica da doença, suas manifestações e alterações analíticas. Material e
métodos: estudo retrospectivo dos casos diagnosticados de dengue no
período entre Setembro e Dezembro de 2012 e que necessitaram de internamento em enfermaria, através da análise dos respectivos processos clínicos.

Resultados: Foram internados 67 doentes, quarenta e três mulheres e vinte e quatro homens. A idade média foi de 44 anos. A média de dias de evolução de doença até à procura de cuidados de saúde foi de 3,4
dias. Os sintomas que mais motivaram a procura de cuidados de saúde
foram: mialgias (31 doentes / 42,3%), náuseas (18 doentes / 26,9%), cefaleias (17 doentes / 25,4%), dor abdominal (7 doentes / 10,4%), exantema (5 doentes / 7,5%), diarreia (3 doentes / 4,5%) e artralgias (3 doentes /
4,5%). Analiticamente a disfunção hepática foi frequente, estando presente em 88% dos doentes. A trombocitopenia e a leucopenia foram outro achado frequente, sendo objectivados em 86,5% e 80,6% dos doentes
respectivamente. O tempo médio de internamento hospitalar foi de 5 dias.
Todos os doentes realizaram terapêutica de suporte, não havendo complicações major. Conclusão: A apresentação clínico-laboratorial da população por nós estudada é semelhante a algumas séries publicadas, apesar
de na ilha da Madeira estar apenas presente o serotipo 1 do vírus da dengue. A ausência da co-existência de diferentes serotipos poderá explicar o facto de não terem sido registados casos graves de dengue (febre hemorrágica). O tratamento é de suporte. Um novo surto de dengue poderá
provocar infeções secundárias, devendo a Madeira estar preparada para
abordá-las da melhor maneira possível.

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Ficheiros Adicionais

Publicado

30-09-2014

Como Citar

1.
Esteves Freitas T, Henriques T, Chaves S, Silva S, Rebelo Freitas P, Brazão M. Dengue: caracterização clínico-laboratorial dos doentes internados durante a 1ª epidemia europeia do séc XXI e revisão da literatura. RPMI [Internet]. 30 de Setembro de 2014 [citado 16 de Novembro de 2024];21(3):6-11. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1002

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