Fenómenos de inflamação paradoxal em doentes com doença inflamatória do intestino sob infliximab

Autores

  • Sofia Silva Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Patrícia Sousa Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Ana Rita Gonçalves Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Marília Cravo Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Paula Moura Santos Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Lurdes Tavares Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Ana Valente Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Luís Correia Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • Fátima Serejo Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa
  • José Velosa Hospital Central do Funchal, Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Faculdade de Medicina de Lisboa

Palavras-chave:

doença Inflamatória do intestino, infliximab, fenómenos de inflamação paradoxal

Resumo

Introdução: Estão descritos fenómenos de inflamação paradoxal associados à administração de agentes biológicos em doentes com Doença
inflamatória do Intestino (DII). O objectivo deste estudo foi avaliar qual
a incidência deste tipo de reacções em doentes sob infliximab (IFX)
há pelo menos um ano.
Material e Métodos: Os autores realizaram uma análise retrospectiva
de 64 doentes com DII (55 com Doença de Crohn (DC) e 9 com Colite
Ulcerosa (CU)), os quais foram entrevistados e os processos clínicos
revistos no sentido de se identificarem possíveis efeitos adversos
associados a esta terapêutica. Foram excluídas reacções infusionais
agudas transitórias.
Resultados: Dos 64 doentes incluídos, observou-se uma predominância do sexo masculino (59,4%), com uma média de idades de 39
anos. A indicação para a realização de IFX foi maioritariamente por
doença cronicamente activa (78,1%). A duração deste tratamento foi
em média 4 anos (1-11 anos). A maior parte dos doentes (78,1%)
encontrava-se a fazer a dose de 5 mg/kg, com a periodicidade de
8/8 semanas (70,3%); 20,3% dos doentes encontravam-se a fazer
concomitantemente AZT e 26,6% 5ASA.
Observaram-se reacções adversas em 21 doentes. As mais frequentes foram as alterações cutâneas (foliculite, eczema, psoríase)
observadas em 14 doentes, seguido-se as queixas articulares, o Lúpus
Eritematoso Sistémico (LES) e a Hepatite auto-imune (HAI). Houve
necessidade de suspender a terapêutica em 6 doentes (3 psoríase, 2
LES, 1 HAI). Verificou-se que os efeitos adversos foram numericamente
mais frequentes nos doentes a fazer 10mg/kg (p=0.17) e menos
frequentes nos que estavam a fazer azatioprina (p=0.22), apesar de
não ser estatisticamente significativo.
Conclusões: Os fenómenos de inflamação paradoxal são frequentes
nos doentes sob infliximab. A suspensão do fármaco raramente foi
necessária. Os fenómenos de inflamação paradoxal graves devem
ser tratados com terapêutica sistémica dirigida e suspensão do IFX.
Uma vez controlados, é possível o reinício da terapêutica biológica
(outro agente anti-TNF ou o mesmo) para manter a DII em remissão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Magro F; Portela F; Management of inflammatory bowel disease with infliximab and other anti-tumor necrosis factor alpha therapies, BioDrugs. 2010; 24 (Suppl 1):3-14.

Peyrin-Biroulet L, Anti-TNF therapy in inflammatory bowel diseases: a huge review, Minerva Gastroenterol Dietol. 2010; 56(2):233-243.

Iborra M, Beltrán B, Bastida G, Aguas M, Nos P, Infliximab and adalimumab-induced psoriasis in Crohn’s disease: a paradoxical side effect, J Crohns Colitis. 2011; 5(2):157-161.

Hoentjen, F, Bodegraven, A., Safety of anti-tumor necrosis factor therapy in inflammatory bowel disease, WJG, 2009 May; 15 (17): 2067-2073.

Russel et al, Anti-tumor necrosis factor therapies in Immune-Mediated Rheumatic Diseases. Other Observations from the Clinic; The Journal of Rheumatology 2010; 37: (Suppl 85); 53-62.

Cosnes J, Cattan S, Blain A et al. Long-term evolution of disease behavior of Crohn’s disease. Inflamm Bowel Dis 2002; 8:244-250.

Peyrin-Byroulet L, Ferrante M, Magro F et al. results from the 2nd Scientific Worshop of the ECCO (1): Impact of mucosal healing on the course of inflammatory bowel disease. JCC 2011; 5: 477-483.

Mantzaris GJ, Christidou A, Sfakianakis M et al. Azathioprine is superior to budesonide in achieving and maintaining mucosal healing and histologic remission in steroid-dependent Crohn’s disease. Inflamm Bowel Dis 2009; 15: 375-382.

Keating GM, Perry CM, Infliximab: an update review of its use in Crohn`s Disease and rheumatoid arthritis. BioDrugs. 2002;16(2):111-148.

Cottone M, Criscuoli V. Infliximab to treat Crohn’s disease: an update. Clin Exp Gastroenterol. 2011; 4: 227-238.

Yanai H, Hanauer SB. Assessing response and loss of response to biological therapies in IBD. Am J Gastroenterol. 2011; 106(4):685-698.

Singh JA, Wells GA, Christensen R et al. Adverse effects of biologics: a network meta-analysis and Cochrane overview. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Feb 16;(2):CD008794.

Ramos-Casals M, Brito-Zerón P, Muñoz S et al. Autoimmune diseases induced by TNF-targeted therapies: analysis of 233 cases. Medicine (Baltimore) 2007; 86:242.

Esmailzadeh A et al. Predictive factors of eczema-like eruptions among patients without cutaneous psoriasis reciving infliximab: a cohort study of 92 patients. Dermatology 2009; 219 (3): 263-267.

Chan J, Davis-Reed L, Kimball AB. Counter-regulatory balance: atopic dermatitis in patients undergoing infliximab infusion therapy. Journal of drugs in Dermatology; May-June 2004.

Ramos-Casals M, Roberto-Perez-Alvarez, Diaz-Lagares C, Cuadrado MJ, Khamashta MA; BIOGEAS Study Group. Autoimmune diseases induced by biological agents: a double-edged sword?. Autoimmun Rev. 2010;9(3):188-193.

Wendling D, Balblanc JC, Briançon D, Brousse A, Lohse A, Deprez P, Humbert P, Aubin F. Onset or exacerbation of cutaneous psoriasis during TNFalpha antagonist therapy. Joint Bone Spine. 2008 ;75(3):315-318.

Elliott MJ, Maini RN, Feldmann M et al. Repeated therapy with monoclonal antibody to tumour necrosis factor alpha (cA2) in patients with rheumatoid arthritis. Lancet 1994; 344:1125.

Atzeni F, Turiel M, Capsoni F, Doria A, Meroni P, Sarzi-Puttini P. Autoimmunity and anti-TNF-alpha agents. Ann N Y Acad Sci. 2005;1051:559-569.

Collamer AN, Battafarano DF.Psoriatic skin lesions induced by tumor necrosis factor antagonist therapy: clinical features and possible immunopathogenesis. Semin Arthritis Rheum. 2010;40(3):233-240.

Harrison MJ, Dixon WG, Watson KD et al. Rates of new-onset psoriasis in patients with rheumatoid arthritis receiving anti-tumour necrosis factor alpha therapy: results from the British Society for Rheumatology Biologics Register.

Ann Rheum Dis 2009; 68:209.

http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/PostmarketDrugSafetyInformationforPatientsandProviders/DrugSafetyInformationforHeathcareProfessionals/ucm174474.htm (Accessed on January 04, 2012).

Gannes GC, Ghoreishi M, Pope J et al. Psoriasis and pustular dermatitis triggered by TNF-{alpha} inhibitors in patients with rheumatologic conditions. Arch Dermatol 2007; 143:223.

Wetter D et al. Lupus-like syndrome attributable to anti-tumor necrosis factor α therapy in 14 patients during an 8-year period at Mayo Clinic. Mayo Clin Proc 2009; 84(11): 979-984.

De Bandt M, Sibilia J, Le Loët X, Prouzeau S, Fautrel B, Marcelli C, Boucquillard E, Siame JL, Mariette X; Club Rhumatismes et Inflammation. Systemic lupus erythematosus induced by anti-tumour necrosis factor alpha therapy: a French national survey.Arthritis Res Ther. 2005;7(3):R545-551.

Cush JJ. Unusual toxicities with TNF inhibition: heart failure and drug-induced lupus. Clin Exp Rheumatol. 2004;22(5 Suppl 35):S141-147.

Tobon g et al. Serious liver disease induced by infliximab. Clin Rheumatol 2005

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-09-2013

Como Citar

1.
Silva S, Sousa P, Gonçalves AR, Cravo M, Moura Santos P, Tavares L, Valente A, Correia L, Serejo F, Velosa J. Fenómenos de inflamação paradoxal em doentes com doença inflamatória do intestino sob infliximab. RPMI [Internet]. 30 de Setembro de 2013 [citado 15 de Outubro de 2024];20(3):105-12. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1084

Edição

Secção

Artigos Originais