Fenómenos de inflamação paradoxal em doentes com doença inflamatória do intestino sob infliximab
Palavras-chave:
doença Inflamatória do intestino, infliximab, fenómenos de inflamação paradoxalResumo
Introdução: Estão descritos fenómenos de inflamação paradoxal associados à administração de agentes biológicos em doentes com Doença
inflamatória do Intestino (DII). O objectivo deste estudo foi avaliar qual
a incidência deste tipo de reacções em doentes sob infliximab (IFX)
há pelo menos um ano.
Material e Métodos: Os autores realizaram uma análise retrospectiva
de 64 doentes com DII (55 com Doença de Crohn (DC) e 9 com Colite
Ulcerosa (CU)), os quais foram entrevistados e os processos clínicos
revistos no sentido de se identificarem possíveis efeitos adversos
associados a esta terapêutica. Foram excluídas reacções infusionais
agudas transitórias.
Resultados: Dos 64 doentes incluídos, observou-se uma predominância do sexo masculino (59,4%), com uma média de idades de 39
anos. A indicação para a realização de IFX foi maioritariamente por
doença cronicamente activa (78,1%). A duração deste tratamento foi
em média 4 anos (1-11 anos). A maior parte dos doentes (78,1%)
encontrava-se a fazer a dose de 5 mg/kg, com a periodicidade de
8/8 semanas (70,3%); 20,3% dos doentes encontravam-se a fazer
concomitantemente AZT e 26,6% 5ASA.
Observaram-se reacções adversas em 21 doentes. As mais frequentes foram as alterações cutâneas (foliculite, eczema, psoríase)
observadas em 14 doentes, seguido-se as queixas articulares, o Lúpus
Eritematoso Sistémico (LES) e a Hepatite auto-imune (HAI). Houve
necessidade de suspender a terapêutica em 6 doentes (3 psoríase, 2
LES, 1 HAI). Verificou-se que os efeitos adversos foram numericamente
mais frequentes nos doentes a fazer 10mg/kg (p=0.17) e menos
frequentes nos que estavam a fazer azatioprina (p=0.22), apesar de
não ser estatisticamente significativo.
Conclusões: Os fenómenos de inflamação paradoxal são frequentes
nos doentes sob infliximab. A suspensão do fármaco raramente foi
necessária. Os fenómenos de inflamação paradoxal graves devem
ser tratados com terapêutica sistémica dirigida e suspensão do IFX.
Uma vez controlados, é possível o reinício da terapêutica biológica
(outro agente anti-TNF ou o mesmo) para manter a DII em remissão.
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