Onde está o Insulinoma? A propósito de um caso clínico
Palavras-chave:
insulinoma, hipoglicemia, hiperinsulinemia, neuroglicopenia, prova de jejum prolongado, arteriografia, enucleaçãoResumo
A suspeita de insulinoma num indivíduo com sintomas adrenérgicos e/ou neuroglicopénicos deve ser a primeira preocupação
no diagnóstico diferencial da hipoglicemia. O insulinoma é o
tumor endócrino mais frequente do pâncreas e pode surgir
em qualquer idade, sendo mais frequente entre os 40 e os 60
anos. O diagnóstico é clínico e pode ser difícil perante sintomas
duvidosos de neuroglicopenia ou sintomas adrenérgicos no
período pós-prandial. A tríade de Whipple – glicemia inferior a
50 mg/dl e sintomas/sinais de hipoglicemia, que revertem com
administração de glicose – é fortemente sugestiva de insulinoma. Se a esta tríade se associar insulinemia inapropriadamente
elevada, confirma-se o diagnóstico de insulinoma. Os autores
descrevem o caso de um doente de 58 anos, que se apresentou
com quadro clínico caracterizado por múltiplos episódios de
confusão, cefaleias, desorientação, irritabilidade, agitação e sudorese profusa, com cerca de 8 meses de evolução. As queixas
não foram valorizadas e o doente chegou a ser medicado com
ansiolíticos. Uma glicemia em jejum de 38 mg/dl fez suspeitar de
insulinoma, diagnóstico confirmado na prova de jejum prolongado.
As dificuldades surgiram na localização do tumor por métodos
de imagem (ecografia e tomografia computorizada abdomino-pélvica, ecoendoscopia pancreática, cintigrafia com octreótido)
e só a arteriografia selectiva com cateterização dos ramos da
artéria celíaca revelou o tumor localizado à cabeça do pâncreas.
O tratamento cirúrgico consistiu na enucleação do tumor. Os
achados histológicos confirmaram a hipótese diagnóstica de
insulinoma com características de benignidade. Discutem-se as
particularidades do diagnóstico e a utilização dos métodos de
imagem na localização do insulinoma.
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