Ventilação Não Invasiva numa Unidade de Cuidados Intermédios
Palavras-chave:
Ventilação não invasiva, unidade cuidados intermédios, doença pulmonar obstrutiva crónicaResumo
A ventilação não invasiva (VNI) é um modo de ventilação mecânica
alveolar, que tem sido utilizada de forma crescente em situações de
insuficiência respiratória aguda e crónica agudizada.
Objectivo: Demonstrar a experiência com a VNI, numa Unidade de
Cuidados Intermédios durante 2 anos.
Métodos: Foram analisados retrospectivamente dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais de 66 doentes, submetidos a VNI,
admitidos entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2002, numa unidade
de cuidados intermédios - Unidade Médica Diferenciada (UMD), do Hospital Garcia de Orta (HGO).
Resultados: Em 315 doentes internados na UMD, 66 (20%) foram
ventilados não invasivamente. A maioria era do sexo masculino (53%),
com idade média de 68 anos. As patologias, que motivaram a VNI,
foram a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) agudizada
em 33 doentes (50%), a Pneumonia em 12 (18%), a Insuficiência
Cardíaca (IC) em 9 (14%), a Síndrome Pós-Extubação (SPE) em 6
(9%), a Síndrome de Pickwick em 4 (6%) e a Cifoescoliose e a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) num doente cada. O tipo de interface doente/ventilador mais utilizado foi a máscara facial (98%). Às 48
horas de ventilação, verificou-se melhoria das trocas gasosas em
40 doentes (61%) e agravamento em 9, dos quais, 3 necessitaram
de ventilação invasiva, e outros 3 faleceram. Os doentes estiveram
ventilados numa média de 6.4 dias, 10 na síndrome de Pickwick,
8.8 na IC, 7 na SPE, 6 na DPOC e 3.8 na pneumonia; com um tempo
médio de internamento na UMD de 8.5 dias. Houve necessidade de
ventilação invasiva em 11 doentes, 4 doentes com DPOC, 3 com
pneumonia, 2 com IC, 1 com síndrome Pickwick e 1 com SPE. Tiveram
alta com indicação para manter VNI em ambulatório 9% dos doentes,
todos com DPOC. A taxa de mortalidade foi de 21%.
Conclusão e Discussão: A VNI demonstrou ser eficaz com melhoria
gasimétrica em 61 % dos doentes às 48 horas. O maior benefício
verificou-se nos doentes com DPOC, com insuficiência cardíaca e
com pneumonia, estes últimos com um número reduzido de dias
de ventilação.
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