Diagnóstico de doença celíaca na idade adulta
Palavras-chave:
doença celíaca, crise celíaca, auto-anticorpos, formas atípicas e sub-clínicasResumo
Os conceitos sobre o diagnóstico da doença celíaca têm-se modificado na última
década, nomeadamente pelo reconhecimento de formas não-clássicas desta doença
habitualmente diagnosticada na infância. O desenvolvimento de testes serológicos de
elevada especificidade e sensibilidade tem levado mais frequentemente ao diagnóstico
de formas atípicas ou assintomáticas, com consequente aumento da incidência e
prevalência desta doença.
O caso apresentado respeita a uma mulher de 25 anos de idade internada com mau
estado geral, edemas, diarreia com três semanas de evolução, parto recente com história
de gravidez gemelar e aborto selectivo, atraso de crescimento intra-uterino e
oligoâmnios; história de epilepsia desde a infância, anemia crónica na adolescência e giardíase.
Dos exames realizados no internamento salientamos prova da D-xilose positiva para
síndroma de mal-absorção, biopsia duodenal sugestiva mas não diagnóstica de doença
celíaca. Os autoanticorpos pesquisados foram positivos: antigliadina IgA e IgG, antireticulina e antiendomísio.
A doente respondeu com melhoria clínica à introdução de dieta sem glúten. Registou-se
também melhoria histológica e diminuição dos títulos de auto-anticorpos.
Correlacionámos as circunstâncias do diagnóstico e a história obstétrica.
A doença celíaca é uma entidade a ter em conta nos algoritmos diagnósticos da diarreia
do adulto, mesmo em idades mais avançadas. O seu diagnóstico é fácil e barato desde
que equacionado, o tratamento é simples e eficaz. Exemplifica os novos paradigmas da
Medicina Interna em que os avanços no diagnóstico laboratorial nos levam a reformular
métodos de raciocínio clínico e a novas sínteses.
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