Endocardites, uma nova realidade

Autores

  • Miguel Robalo Interno do Internato Complementar de Medicina Interna - Serviço de Medicina, Hospital do Desterro
  • Helena Teixeira Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina, Hospital dos Capuchos
  • António Godinho Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Interna, Serviço de Medicina, Hospital do Desterro
  • Anabela Sousa Técnica de Cardiopneumografia, Serviço de Medicina, Hospital do Desterro
  • Isabel Marcão Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina, Hospital do Desterro

Palavras-chave:

endocardite, Duke Endocarditis Service, ecocardiografia

Resumo

Apesar da incidência das endocardites (END) se manter estável nos últimos anos, os aspectos epidemi­ológicos têm-se alterado, com aumento do envolvimento do coração direito como consequência da crescente toxicodependência endovenosa.

Objectivo: Estudo retrospectivo dos doentes com END segundo os critérios de diagnóstico de Duke Endocar­ditis Service (DFS), avaliando os parâmetros clínicos e ecocardiográficos.

População e Métodos: Durante o períodode Maio de 92 a Dez. 95,32 doentes(25 homens e 7 mulheres, com idade média de 32,5 anos), tiveram critérios de diag­nóstico definitivo de END segundo DES. Foram revistos os processos clínicos e os exames ecocardiográficos, e analisadosos aspectos epidemiológicos,forma de apresentação, agentes etiológicos isolados, evolução, complicações e aspectos ecocardiográficos.

Resultados: Com excepção de 1 doente, todos foram internados por sindroma febril; 28 doentes (87,5%) não apresentavam cardiopatia estrutural, 2 doentes tinham cardiopatia congénita e os outros 2 doentes apresenta­vam volumeopatia reumatismal; 22 doentes (97%) eram toxicodependentes e.v., sendo o St. aureus o agente etio­lógico responsável em 16 casos. Em 8 doentes verificaram-se complicações emb6licas sépticas (4 pulmonares, 2 esplénicas, 1 digital, 1 cerebral) unicamente na popu­lação toxicodependentes ev. A END teve localização tri­cúspide em 20 doentes (63%), aórtica em 8 doentes, mi­tral em 6 doentes e pulmonar em 1 doente. Na gran­de maioria houve compromisso univalvular em 29 doentes (91%), havendo 3 casos de END associadas. As vegetações eram únicas em 21 doentes (66%) e múltiplas em 7 doentes. Foram detecta­dos 5 casos de regurgitação major: 3 aortica, 1 mitra 1 tricúspida, e 1 abcesso Ao c/ shunt Câ­ mara de saída do ventrículo esquerdo-aurícula direita. Cinco doentes (16%) necessitaram de ci­rurgia com bons resultados terapêuticos excep­ to num caso. Em 31 doentes (97%) o ecocardio­ grama transtorácico foi diagnóstico tendo-se re­ alizado 4 ecocardiograma transesofágico -13% - nos doentes com persistência de febre ou com­ plicações hemodinâmicas.

Conclusões: 1) Na nossa série verificou-se predomí­nio de END do coração direito em jovens toxicodepen­dentes e.V. com válvula trictispida sã. O St. aureus foi o agente principal com 85% de embolização séptica. 2) O BIT inicial foi diagnóstico em todos os doentes, excepto num caso. O ETE foi de grande importância nos doentes com compromisso hemodinâmico ou de infecçãn não controlada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Bansal RC. lnfective Endocarditis. Contemporary lssues in Car­diology. Med Clin N Am 1995; 79: 1205-1235.

Keenan DJM, Rowlands DJ. Role of Surgery in Bacterial Endo­carditis. Chapter 12. ln: Rowlands D.). Recent Advances in Cardiology New York: Churchill Livingstone, 1996: 205-223.

Durack DT, Lukes AS, Bright DK ; Duke Endocarditis Service. New Criteria for Diagnosis of lnfective Endocarditis: Utili­zation of Specific Echocardiographic Findings. Am J Med 1994; 96:200-208.

Adolf W, Karchmer M, Swartz M. lnfective Endocarditis. Chap­ter XVIII. Scientific American Medicine 1995; 7 lnf Dis:1-21.

Mathew J, Addai T, Anand A, Morrobel A, Maheshwari, Freeis S. Clinicai Features,Site of lnvolvement, Bacteriologic Findin­gs and Outcome of lnfective Endocarditis ln lntravenous Drug Users. Arch lntern Med 1995; 155: 1641-1648.

Sande MA, Lee BL, Mills J. et al. Endocarditis in lntravenous Drug Users. ln Kaye D (ed): lnfective Endocarditis 2nd ed. New York, Raven Press, 1992:345.

Fowler VG, Durack T. lnfective Endocarditis. Current Opinion in Cardiology 1994; 9: 389-400.

Rohmann S, Erbel R, Gorge G, Makowski T, Mohr-Kahaly S, Nixdorff U. et al. Clinicai relevance of vegetation localizati­on by transoesophageal echocardiography in infective en­docarditis. Eur Heart J 1992; 12: 446-452.

Dressler FA. and Robert W.C. .Infective Endocarditis in Opiate sed on the pretest prohahility of clisease. Circuhtion 1996;

Shekar R, Rice TW, Zierdt CH, Kallick C. Outbreak oEndocar­ditis Caused By Pseudomonas Aeruginosa Serotype 011 Among Pentazocine and Tripelennemine Abusers in Chica­ go.) lnfect Dis 1985; 151:203-208.

Bayliss R, Clarke C, Oakley CM, Somerville W, Whithfield AGW, Young SE). The Microbiology and Pathogenesis of lnfective Endocarditis. Br Heart J 1983; 50: 513-519.

Birmingham G, Rahko P, Ballantyne F, lmproved Detection of lnfective Endocarditis With Transoesophageal Echocardio­ graphy. Am Heart J 1992; 123: 774-781.

Stratton JR, Werner JA, Pearlman AS et al. Bacteremia and the he­art: Serial echocardiographic findings in 80 patient with docu­mented or suspected bacteremia. Am. J Med 1982; 73: 851.

Karchmer A. lnfective Endocarditis Chapter 33 ln: Braunwald. Heart Disease - A textbook of Cardiovascular Medicine. 5th Ed. W.B. Saunders Company. Philadelphia 1997: 1077-1099.

Mugge A, Daniel WC, Frank], and Lichtlen P.R.: Echocardio­graphy in lnfective Endocarditis: Reassessment of prognos­tic implications of vegetations size determined by the trans­ thoracic and transesophageal approach. J Am Coll Cardiol 1989; 14:631.

Lindner JR, Case RA, Den tJM, et al. Diagnostic value of echo­ cardiography in suspected endocarditis: An evaluation based on the pretest prohahility of disease. Circulation 1996; 93:730

San Roman JA, VilaCosta I, Zamorano JL, Almeria C, Sanchez­ Harguinday L. Transesophageal Echocardiography in right sided Endocarditis. J Am Coll Cardiol. 1993; 21: 1226-12:30.

Vuille C, Nidorf M, Weyman AE, Picard MH. Natural history of vegetation during sucessful medical treatment of endocar­ditis. Am Heart

J 1994; 128: 1200.

Heinle S, Wilderman N, Harrison K, Waugh R, Bashore T, Nice­ly M. et al. Value of Transthoracic Echocardiography in Pre­dicting Embolic Events in Active Infective Endocarditis. Am J Cardiol 1994: 74: 779-801.

Bisno A, OismuKes W, Ourack O, Kaplan E, Karchmer A, Kaye D. Et al. Antimicrobial treatment of lnfective Endocarditis dueto Viridians Streptococci, Enterococci, and Staphilococci._JAMA 1989; 261: 1471-1477.

Robbins MJ, Frater RW, Soeiro R, Frishman W. Strom J Influen­ce of Vegetation Size on Clinical Outcome of Right Sided lnfective Endocarditis. Am J Med 1986; 80: 165-171

Mathew J, Ahreo G, Namhuri K. Navra L, Franklin C, Results of Surgical Treatment for lnfective Endocarditis in Intravenous Drog users. Chest 1995: 108: 72.-77.

Ficheiros Adicionais

Publicado

31-03-1998

Como Citar

1.
Robalo M, Teixeira H, Godinho A, Sousa A, Marcão I. Endocardites, uma nova realidade. RPMI [Internet]. 31 de Março de 1998 [citado 2 de Maio de 2024];5(1):23-9. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2102

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)