A Capilaroscopia na Avaliação de Doenças Autoimunes
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/O37/17/2017Palavras-chave:
Angioscopia Microscópica, Capilares, Doença de Raynaud, Doenças Autoimunes, Esclerose Sistémica, Unhas/irrigação sanguíneaResumo
Introdução: A capilaroscopia periungueal é um método simples,
seguro e não invasivo, fundamental na avaliação da microcirculação
in vivo, e crucial na distinção entre fenómeno
de Raynaud primário e secundário. O fenómeno de Raynaud
assume a sua maior importância nas doenças do espectro da
esclerose sistémica , onde pode traduzir precocemente o envolvimento
vascular e alterações na microcirculação, antes do
aparecimento de outras manifestações clínicas ou envolvimento
de órgãos, criando uma oportunidade para a prevenção de
complicações vasculares.
Métodos: Foram analisados, retrospetivamente, os dados clínicos
e dos resultados da capilaroscopia periungueal de 110
doentes seguidos numa consulta de doenças auto-imunes,
maioritariamente do género feminino.
Resultados: O principal motivo para a realização da capilaroscopia
periungueal foi o estudo do fenómeno de Raynaud,
na sua maioria casos secundários (67,4%), sendo a patologia
subjacente mais frequente a esclerose sistémica. Não se encontraram
alterações de relevo na arquitetura dos capilares em
27,3% (n = 30); os restantes apresentavam alterações minor
da morfologia em 28 casos, presença de megacapilares/ansas
capilares dilatadas em 41 doentes (37,3%), áreas avasculares
ou de rarefação capilar em 35 (31,8%), presença de microhemorragias
em 36 doentes (32,7%) e sinais de neoangiogénese
em cinco (4,5%). A grande maioria dos doentes com esclerose
sistémica apresentava Raynaud secundário. Apenas dois
doentes com esclerose sistémica não apresentavam alterações
major na capilaroscopia periungueal, tendo os restantes
um padrão esclerodérmico bem definido.
Conclusão: Salienta-se que a eficácia da CPU no diagnóstico
precoce da esclerose sistémica, monitorização da progressão
da doença e predição de envolvimento de órgãos, a tornam num
instrumento não invasivo essencial, como suportado pela sua inclusão
nos critérios de classificação da esclerose sistémica.
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