Internamentos Prolongados numa Enfermaria de Medicina Interna

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi/O/30/19/3/2019

Palavras-chave:

Avaliação Geriátrica, Hospitalização, Idoso, Idoso Fragilizado, Medicina Interna, Tempo de Internamento

Resumo

Introdução: As enfermarias de Medicina Interna acolhem doentes complexos, com múltiplas comorbilidades, idosos, frágeis,
dependentes, frequentemente com problemas sociais, podendo condicionar internamentos longos. Pretende-se caracterizar
a população com internamentos prolongados (IPs), avaliando
se foram adequados à situação clínica ou relacionados com
questões socioeconómicas.
Métodos: Estudo retrospetivo realizado durante o ano de 2014
numa enfermaria de Medicina Interna e que incluiu doentes
com internamentos superiores a 20 dias. Os IPs foram classificados como apropriados pela complexidade do quadro clínico,
intercorrências ou iatrogenias, e inapropriados se relacionados
com falta de condições pós-alta.
Resultado: Cento e setenta e sete IPs (10,4% do total de internamentos); 53 homens, idade média 76 anos. Média de
internamento 33,8 dias; 39% tiveram previamente alta clínica - dias de alta protelada: 1653. À admissão, 36% parcial- e
17% totalmente dependentes. Comorbilidades: hipertensão
(75%), doença cerebrovascular (52%), diabetes (35%), demência (28%). Diagnósticos principais mais prevalentes: acidente
vascular cerebral (21%), pneumonia (14%), neoplasia (11%);
14% com necessidade de cuidados intensivos/intermédios. Em
64% o factor de prolongamento preponderante foi clinicamente
apropriado - 77% pela complexidade e 15% por infecções nosocomiais. Foram referenciados à Rede Nacional de Cuidados
Continuados 23%. Mortalidade 13,0%. Nos 36 meses pós-alta,
59% foram internados, 23% apresentaram IPs e 57 doentes faleceram - mortalidade 37% aos 3 anos.
Conclusão: Os doentes com IPs são heterogéneos em relação
aos diagnósticos e necessidades específicas. Apesar de 36%
dos IPs ser condicionada pelas condições pós-alta, a maioria
foi apropriada à gravidade, complexidade clínica ou intercorrências no internamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

National Health System of England. NHS Improvement. Guide to reducing long hospital stays. London: NHS; 2018.

Lang P, Heitz D, Hedélin G, Dramé M, Jovenin N, Ankri J, et al. Early markers of prolonged hospital stays in older people: a prospective, multicenter study of 908 inpatients in French acute hospitals. J Am Geriatr Soc. 2006; 54:1031–9. doi: 10.1111/j.1532-5415.2006.00767.x

Lim SC, Doshi V, Castasus B, Lim JKH, Mamun K. Factors causing delay in discharge of elderly patients in an acute care hospital. Ann Acad Med Singapore. 2006;35:27-32.

Instituto Nacional de Estatística. Mantém-se o agravamento do envelhecimento demográfico, em Portugal, que só tenderá a estabilizar daqui a cerca de 40 anos - Projeções de População Residente 2015-2080. Lisboa: INE; 2017.

Direção Geral de Saúde. Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025: Proposta do Grupo de Trabalho Interministerial (Despacho n.º12427/2016).Lisboa: DGS; 2017.

Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013 381:752–62. doi: 10.1016/S0140-6736(12)62167-9

European Centre for Disease Prevention and Control. Antimicrobial resistance surveillance in Europe 2016. Solna: ECDPC; 2017.

Kortebein P, Ferrando MD, Lombeida J, Wolfe R, Evans WJ. Effect of 10 days of bed rest on skeletal muscle in healthy older adults. JAMA. 2007;297:1769-74. doi:10.1001/jama.297.16.1772-b

Rich EC, Lipson D, Libersky J, Peikes DN, Parchman ML. Organizing care for complex patients in the patient-centered medical home. Ann Fam Med. 2012;10:60-2. doi: 10.1370/afm.1351.

National Quality Forum. Multiple Chronic Conditions Measurement Framework. 2012. [accessed March 2018] Available at: http://www.qualityforum.org/Projects/Multiple_Chronic_Conditions_Measurement_Framework.aspx

Loeb DF, Bayliss EA, Candrian C, deGruy FV, Binswanger IA. Primary care providers’ experiences caring for complex patients in primary care: a qualitative study. BMC Fam Pract. 2016 17:34. doi.org/10.1186/s12875- 016-0433-z

Rudin RS, Gidengil CA, Predmore Z, Schneider EC, Sorace J, Hornstein R. Identifying and coordinating care for complex patients, findings from the leading edge of analytics and health information technology. Rand Health Q. 2017;6:2.

Portugal, Ministério da Saúde e Ministério da Segurança Social. Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados: Guia da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Lisboa: MS, MSS; 2009.

Plataforma Transparência - Dados da Rede Nacional de Cuidados Continuados Ministério da Saúde, Governo de Portugal. [acedido Março 2018] Disponível em: https://transparencia.sns.gov.pt/explore/?refine. keyword=Cuidados+Continuados&refine.keyword=Admiss%C3%A3o&- sort=modified

Portugal, Ministério da Saúde e Ministério da Segurança Social. Grupos de Diagnósticos Homogéneos Lisboa: MS, MSS; 2018.

Charlson ME, Pompei P, Ales KL, MacKenzie CR. A new method of classifying prognostic comorbidity in longitudinal studies: development and validation. J Chronic Dis. 1987; 40:373-83.

Ruangkriengsin D, Phisalprapa P. Causes of prolonged hospitalization among general internal medicine patients of a tertiary care center. J Med Assoc Thai. 2014; 97 (Suppl. 3): S206-S215

Quinn MP, Courtney AE, Fogarty DG, O’Reilly D, Cardwell C, Mcnamee PT. Influence of prolonged hospitalization on overall bed occupancy: a five-year single-centre study. QJM. 2007; 100:561–6. doi:10.1093/qjmed/hcm064

Spratt N, Wang Y, Levi C, Ng K, Evans M, Fisher J. A prospective study of predictors of prolonged hospital stay and disability after stroke. J Clin Neurosci. 2003;10:665-9. doi:10.1016/j.jocn.2002.12.001

Vetrano DL, Landi F, De Buyser SL, Carfì A, Zuccalà G, Petrovic M, et al. Predictors of length of hospital stay among older adults admitted to acute care wards: a multicentre observational study. Eur J Intern Med. 2014;25:56-62. doi: 10.1016/j.ejim.2013.08.709.

Costa AP, Poss JW, Peirce T, Hirdes JP. Acute care inpatients with long- -term delayed-discharge: evidence from a Canadian health region. BMC Health Serv Res. 2012;12:172. doi: 10.1186/1472-6963-12-172.

Carey MR, Sheth H, Braithwaite RS. A prospective study of reasons for prolonged hospitalizations on a general medicine teaching service. J Gen Int Med. 2005; 20:108–15. doi: 10.1111/j.1525-1497.2005.40269.x

Cosgrove SE. The relationship between antimicrobial resistance and patient outcomes: mortality, length of hospital stay, and health care costs. Clin Infect Dis. 2006;42 Suppl 2:S82-9.

Barrasa-Villar JI, Aibar-Remón C, Prieto-Andrés P, Mareca-Doñate R, Moliner-Lahoz J. Impact on morbidity, mortality, and length of stay of hospital-acquired infections by resistant microorganisms. Clin Infect Dis. 2017;65:644-652. doi: 10.1093/cid/cix411.

Paillé-Ricolleau C, Hamidou M, Lombrail P, Moret L. Revue de pertinence des journées d’hospitalisation en médecine et chirurgie : un tiers de journées inappropriées au CHU de Nantes. Presse Med. 2009; 38: 541–50. doi: 10.1016/j.lpm.2008.06.019

Downloads

Publicado

20-09-2019

Como Citar

1.
Pocinho R, Jardim S, Antunes L, Isidoro Duarte T, Baptista I, Almeida J. Internamentos Prolongados numa Enfermaria de Medicina Interna. RPMI [Internet]. 20 de Setembro de 2019 [citado 29 de Março de 2024];26(3):200-7. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/406

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)