Intoxicação por Paraquat – experiência de 18 anos de um Serviço de Medicina

Autores

  • Marco Simões Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Patrícia Alves Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Hélder Esperto Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Catarina Canha Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Elisa Meira Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Érica Ferreira Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Manuel Gomes Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • José Manuel Nascimento Costa Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

Paraquat, Intoxicação, Hemocarboperfusão, Ciclofosfamida, Herbicida, Gramoxone

Resumo

ntrodução: O Paraquat é um herbicida de contacto disponível
comercialmente desde 1962. A intoxicação por Paraquat (IPQ)
é geralmente voluntária e altamente letal. A toxicidade ocorre
mediante reacções cíclicas de oxidação/redução, lesando principalmente rins e pulmões.
Objectivos, material e métodos: Caracterização da apresentação clínica, terapêutica e evolução dos doentes com IPQ
num Serviço de Medicina durante 18 anos, através da análise
retrospectiva dos processos clínicos no período de 01/01/1993
a 31/12/2010. Comparação do grupo de doentes sobreviventes
com os falecidos.
Resultados: Foram considerados 31 casos de IPQ, sem predomínio de sexo. Idade compreendida entre 13 e 80 anos, com
média de 42,4 anos (±18,7). Todas as IPQ foram voluntárias e
por via oral. Verificou-se diferença estatística entre sobreviventes
e falecidos relativamente à quantidade aproximada ingerida (22,1
mL vs 72,7 mL, p<0,0005). Relativamente ao tempo aproximado
até observação médica, houve tendência para maior atraso nos
falecidos (1,6 h vs 3,2 h, p=0,091). A leucocitose, hipocápnia,
hipoxémia, elevação da LDH, FA e TGO apresentaram correlação
estatística com a mortalidade. Não houve diferença estatística nos
diversos tratamentos efectuados, embora a hemocarboperfusão
tenha sido mais utilizada nos doentes que faleceram (53,9% vs
66,7%, p=0,471) e a corticoterapia nos sobreviventes (61,5% vs
44,4%, p=0,350). Mortalidade de 58,1% (66,7% nas primeiras
72 horas), por insuficiência respiratória e falência multiorgânica.
Ocorreu fibrose pulmonar sequelar em 38,5% dos sobreviventes.
Conclusões: A IPQ tem prognóstico muito reservado e as medidas terapêuticas actualmente existentes têm eficácia limitada.
A relação entre a paraquatémia e o tempo decorrido desde a
ingestão é o principal determinante do prognóstico. No presente
estudo a presença de dispneia, hipoxémia e hipocápnia esteve
associada a mau prognóstico. Não houve diferença significativa
com o tipo de tratamento efectuado

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Referências

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Ficheiros Adicionais

Publicado

29-06-2012

Como Citar

1.
Simões M, Alves P, Esperto H, Canha C, Meira E, Ferreira Érica, Gomes M, Nascimento Costa JM. Intoxicação por Paraquat – experiência de 18 anos de um Serviço de Medicina. RPMI [Internet]. 29 de Junho de 2012 [citado 17 de Novembro de 2024];19(2):69-73. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1142

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