Febre de Origem Indeterminada num Hospital Terciário Português: Um Estudo de Coorte

Autores

  • Mafalda Ferreira Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-7504-3385
  • Iolanda Alen Coutinho Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2511-4843
  • Mariana Lavrador Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Odete Duarte Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Helder Esperto Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2344-4267
  • Armando de Carvalho Department of Internal Medicine, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0003-2455-8781

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.650

Palavras-chave:

Febre de Origem Indeterminada/diagnóstico, Febre de Origem Indeterminada/etiologia

Resumo

Introdução: A febre de origem indeterminada (FOI) mantém-se um verdadeiro desafio diagnóstico apesar dos avanços no campo da medicina. Podem estar na sua origem diversas patologias com prognósticos muito diferentes. Uma reavaliação sobre o tema é essencial considerando as mudanças no curso de várias doenças, assim como a alteração da sua frequência. Este estudo tem por objectivo avaliar a abordagem diagnóstica e etiologias mais frequentes.

Métodos: Estudo retrospectivo de doentes admitidos num Serviço de Medicina Interna, de um hospital público terciário,
durante 2 anos (2016-2017) que à admissão preenchiam os critérios de FOI.

Resultados: Foram identificados 55 casos de FUO à admissão (0,6% do total de admissões). As infecções foram a causa mais frequente (n = 23; 41,8%) seguida das doenças inflamatórias não infeciosas (n = 12; 21,8%), neoplasias (n = 8; 14,5%) e outras (n = 3; 5,5%). No entanto, em 9 casos o diagnóstico manteve-se desconhecido (16,4%). A doença mais prevalente foi a febre Q, seguida da endocardite bacteriana e abcessos em várias localizações. Foram realizados estudos microbiológicos de urina e sangue em todos os doentes, enquanto os testes serológicos apresentaram uma maior variabilidade. Salienta-se o uso da 18F-fluorodesoxyglucose positron emission tomography (18F-FDG-PET) em 11 (20,0%).

Conclusão: As etiologias mais frequentes neste estudo assemelham-se a outros estudos internacionais publicados, apesar da menor amostra. A patologia infecciosa foi a causa mais frequente identificada. Apesar de um número ainda significante de casos sem diagnóstico, estes apresentaram bom prognóstico.

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Publicado

23-06-2022

Como Citar

1.
Ferreira M, Alen Coutinho I, Lavrador M, Duarte O, Esperto H, de Carvalho A. Febre de Origem Indeterminada num Hospital Terciário Português: Um Estudo de Coorte. RPMI [Internet]. 23 de Junho de 2022 [citado 4 de Novembro de 2024];29(2):133-9. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/650

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