Talidomida no tratamento das úlceras orogenitais resistentes da Doença de Behçet – grupo de casos clínicos
Palavras-chave:
talidomida, doença de Behçet, aftas orais, úlceras orogenitaisResumo
A Talidomida começou a ser comercializada em 1956 como fármaco sedativo e anti-emético, mas rapidamente foi removido do
mercado após ter sido associado a casos graves de deformidades
dos recém-nascidos. Actualmente as únicas indicações aprovadas
pela FDA são o mieloma múltiplo e o eritema nodosum leprosum. As
suas propriedades anti-inflamatórias, anti-angiogénicas e anti-TNF
alfa levaram a um contínuo interesse e investigação destas actividades imunomoduladoras. Existem vários estudos clínicos e muitos casos reportados do uso de Talidomida no tratamento das úlceras
orogenitais na Doença de Behçet (DB), com a sua rápida cicatrização
e resolução mas com recidiva após a sua suspensão. Apesar dos
potenciais benefícios, a Talidomida é difícil de obter, está disponível
apenas como droga investigacional (na maioria dos países), com
um risco significativo de neuropatia, apenas indicada para os casos
de resistência às terapêuticas clássicas e em doentes sem risco de
gravidez. O uso da Talidomida na DB é restrito, devendo ser usada
apenas por médicos experientes.
Reportamos um grupo de 7 doentes com DB com aftas orais
dolorosas que tiveram rápida melhoria (2 a 4 semanas), completa
e sustentada com a Talidomida, após tratamento prolongado com
corticosteróides e/ou colchicina, sem resposta adequada. Não houve
registo de qualquer efeito lateral, excepto sonolência em dois doentes.
Três doentes recidivaram após a suspensão da Talidomida e tiveram
necessidade de tratamento de manutenção em doses mais baixas.
No nosso grupo de doentes pudemos confirmar o benefício da
Talidomida na DB com aftas orais resistentes às drogas clássicas, e
sem efeitos laterais major. A Talidomida é eficaz e potente mesmo em
doses baixas, mas o tratamento deve ser contínuo, em doses baixas,
porque novas lesões surgem algumas semanas após a suspensão do
tratamento, mesmo que sob terapêutica com drogas clássicas.
Downloads
Referências
L. Calabrese, AB. Fleischer. Thalidomide: current and potential clinical applications. Am J Med 2000, 15; 108 (6):487-495.
V. Hamuryudan, C. Mat, S. Saip, Y. Ozyazgan et al. Thalidomide in the treatment of the mucocutaneous lesions of the Behçet syndrome. Ann Intern Med 1998; 128 (6):443-450.
JM. Gardner-Medwin, NJ. Smith, RJ. Powell. Clinical experience with thalidomide in the management of severe oral and genital ulceration in conditions such as Behçet’s disease: use of neurophysiological studies to detect thalidomide neuropaty. Ann Rheum Dis 1994; 53: 828-832.
M. Leiba, M. Ehrenfeld. Behçet’s disease: current therapeutic perspectives. Curr. Treat. Options Cardiovasc Med 2005; 7 (2): 139-148.
A. Ossandon, EA. Cassara, R. Priori, G. Valesini. Thalidomide: focus on its employment in rheumatologic diseases. Clin Exp Rheumatol 2002; 20 (5): 709-718.
G. Ehrlich. Behçet disease and the emergence of thalidomide. Ann Intern Med 1998; 128:494
Ficheiros Adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Direitos de Autor (c) 2023 Medicina Interna
Acesso livre