Vasculite cutânea associada ao paraquat — um caso

Autores

  • A. S. S. Corredoura Médica do Internato do Complementar de Medicina Interna, Serviço de Medicina II, do Hospital de Egas Moniz, Lisboa
  • M. F. Moraes Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina II, do Hospital de Egas Moniz, Lisboa
  • R. Vieira Assistente Graduado de Dermatologia, Serviço de Dermatologia e Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Curry Cabral, Lisboa
  • A. Afonso Assistente Graduado de Anatomia Patológica, Serviço de Dermatologia e Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Curry Cabral, Lisboa
  • M. Niza Pinheiro Assistente Graduado de Medicina Interna, Serviço de Medicina II, do Hospital de Egas Moniz, Lisboa
  • J. M. Pimenta da Graça Chefe de Serviço e Director do Serviço de Medicina II, Serviço de Medicina II, do Hospital de Egas Moniz, Lisboa

Palavras-chave:

Vasculite necrotizante, Paraquat

Resumo

O paraquat é um produto tóxico frequentemente utilizado em Portugal como herbicida no
combate às ervas infestantes. Tradicionalmente, a intoxicação voluntária por ingestão do
produto é sinónima de morte por fibrose pulmonar. No entanto, em agricultores que utilizam o produto sem segurança, a intoxicação acidental por via inalatória ou cutânea nem sempre tem desfecho fatal.
Os A.A. descrevem o caso de um homem de 66 anos que pulverizou os membros inferiores com
uma solução de paraquat e que desenvolveu máculas eritematosas que evoluiram, ao longo
de uma semana, para pápulas e úlceras localizadas na face anterior das pernas e no dorso
dos pés. Dois meses após a exposição ao paraquat surgiram máculas, pápulas e bolhas hemorrágicas, tendo algumas progredido para necrose cutânea nos dedos das mãos e pés,
acompanhadas de febre transitória e mal estar. O exame histopatológico de uma das lesões
cutâneas revelou vasculite necrotizante de pequenos vasos. Houve melhoria clínica de todo
o quadro com a corticoterapia sistémica instituída e o doente encontra-se assintomático aos
24 meses de seguimento clínico.
Depois de excluídas outras causas de vasculite necrotizante de pequenos vasos, e apesar
de não ter sido possível determinar a presença de paraquat na pele afectada, a relação temporal com a exposição directa a este produto leva-nos a formular a hipótese de se tratar de
uma vasculite de hipersensibilidade causada
pelo paraquat. Não se encontrou na literatura qualquer referência a esta associação.

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Referências

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Ficheiros Adicionais

Publicado

31-03-2003

Como Citar

1.
Corredoura ASS, Moraes MF, Vieira R, Afonso A, Niza Pinheiro M, Pimenta da Graça JM. Vasculite cutânea associada ao paraquat — um caso. RPMI [Internet]. 31 de Março de 2003 [citado 2 de Maio de 2024];10(1):39-42. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1786

Edição

Secção

Casos Clínicos

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