Prevalência de Efeitos Neuropsiquiátricos em Doentes com Infecção VIH sob Dolutegravir
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/original/64/1/2019Palavras-chave:
Dolutegravir/efeitos adversos, Fármacos Anti-HIV/efeitos adversos, Infecção por HIV/tratamento, Perturbações Mentais/induzido quimicamenteResumo
Introdução: O dolutegravir apresenta-se como opção terapêutica com elevados níveis de eficácia para doentes naive
ou experimentados, nomeadamente na simplificação de regimes terapêuticos e com um bom perfil de interações. Os
resultados dos estudos de aprovação sustentam-no como
seguro e bem tolerado.
No entanto, alguns estudos mais recentes levantaram dúvidas relativamente ao seu perfil de segurança, nomeadamente no desenvolvimento de efeitos neuropsiquiátricos.
Os objectivos do estudo foram determinar a prevalência de
efeitos neuropsiquiátricos e efeitos não neuropsiquiátricos
numa população de doentes com infecção VIH e com dolutegravir no esquema antirretroviral.
Material e Métodos: Estudo observacional transversal da
coorte de doentes seguidos na consulta de Imunodeficiências do Centro Hospitalar do Porto, sob terapêutica com
dolutegravir. Foram consultados os processos clínicos e
aplicado um questionário de avaliação de efeitos adversos,
após a introdução de dolutegravir.
Resultados: Foram identificados 70 doentes que iniciaram
terapêutica com dolutegravir. Sete foram excluídos por insuficiência de dados. Cinco doentes eram naive para terapêutica
antirretroviral. A taxa de efeitos neuropsiquiátricos e de outros
efeitos foi de 20,6% e 25,4%, respectivamente. Os principais
efeitos neuropsiquiátricos foram insónia, nervosismo/ansiedade e humor depressivo, sendo observados mais frequentemente em mulheres [(34,6% vs 10,8%); OR 4,37; IC 95%
1,17-16,27; p = 0,028]. Apesar da frequência destes efeitos
não houve descontinuação da terapêutica.
Conclusão: Verificou-se uma elevada taxa de efeitos neuropsiquiátricos (20,6%), similar a um estudo recentemente
publicado. No entanto, estes efeitos neuropsiquiátricos não
levaram à descontinuação do dolutegravir em qualquer
doente. Apesar das limitações deste trabalho, os autores
alertam para a necessidade de estudos adicionais para avaliação do verdadeiro impacto dos efeitos neuropsiquiátricos
associados ao dolutegravir.
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