Uma nosografia de D. Carlos I no centenário do regicídio

Autores

  • José Barata Hospital Garcia de Orta

Palavras-chave:

Regicídio, D. Carlos I, Monarquia

Resumo

Um país de costumes suaves conta na sua história recente com
o assassínio de um Rei e de um Presidente da República. Tempos
conturbados os da Europa dos primórdios do século XX, onde os
conflitos políticos se derimiam à bala e à bomba, em atentados
usualmente perpetrados por exaltados anarquistas. Assim pereceram
D. Carlos I ( e o presidente Sidónio Pais) de Portugal, Humberto I de
Itália, Jorge I da Grécia, Nicolau II da Rússia e, paradigmaticame, o
Arquiduque Francisco Fernando, do Império Austro-Húngaro, cujo
homicídio, em Sarajevo, despoletou a I Guerra Mundial.
A morte do rei constituiu, em todos os tempos, um fenómeno de
grande impacto social e político, sobretudo se ocorria em circunstâncias trágicas ou se ameaçava desviar o curso da história, como
aconteceu nos casos de D. Sebastião ou de D. Carlos I.
A medicina prestou sempre grande atenção às figuras reais, sendo
convocados os médicos mais conceituados do reino quando a doença
ameaçava a integridade do monarca.
No decurso do século XIX, e fruto dos avanços que caracterizam
a evolução do conhecimento médico, é notória a preocupação dos
clínicos em objectivar as causas de doença e da morte das figuras
reais, notando-se um claro progresso na metodologia científica
usada. O embalsamamento regularmente praticado nos monarcas
da dinastia de Bragança, e o consequente estudo necróptico,
deixaram detalhados registos anátomo-clínicos de surpreendente actualidade.
O estudo retrospectivo da doença e da morte na família real, cujo
acompanhamento envolvia os maiores vultos da medicina do tempo,
propicia uma interessantíssima panorâmica sobre as concepções médicas da época.
A pretexto do I centenário do regicídio que, ao pôr termo à vida
do Rei D. Carlos e do Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe, precipitou o fim
da monarquia em Portugal, condicionando decisivamente o curso da
história nacional, procede-se a um esboço nosográfico do penúltimo
rei de Bragança, com base na análise da bibliografia disponível.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Jean Pailler.D. Carlos I, Rei de Portugal. Bertrand Editora. Lisboa, 2001

José Matoso. História de Portugal. Vol VI . Circulo de leitores. 1994

Ramalho Ortigão. Rei D. Carlos, o martyrisado. Typographia “A Editora”. Lisboa, 1908

Rui Ramos. João Franco e o fracasso do reformismo liberal (1884-1908). Imprensa de Ciências sociais. Lisboa, 2001

Jayme Victor. Brasil – Portugal. Nº 218, 16 de Fevereiro de 1908

Oliveira Marques - Nova História de Portugal Vol XI. Editorial Presença. Lisboa, 1991

João Franco Castello- Branco. Cartas d ´El -Rei D. Carlos I a João Franco Castello-Branco seu último Presidente do Conselho. Livrarias Allaud e Bertrand.Lisboa, 1924

Fortunato de Almeida. História de Portugal. Terceiro volume. Bertrand Editora. Lisboa, 2005

António Cabral – Cartas d´El Rei D. Carlos a José Luciano de Castro. Sociedade Editora Portugal - Brasil. Lisboa, 1927

A tragédia de Lisboa. Serões: Revista Mensal Ilustrada, Nº32.Fevereiro de 1908

Asdrúbal de Aguiar. Causas da Morte do Rei D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe. Imprensa médica, Ano XXIII (separata). Outubro de 1956

Miguel Sanches de Baêna. Diário de D. Manuel e estudo sobre o regicídio -, Publicações Alfa S.A. Lisboa, 1990

Thomaz de Mello Breyner. Diário de um Monárquico (1908-1910). 2ª Edição. Fundação Eng.º António de Almeida, 2004.

Thomaz de Mello Breyner. Diário de um Monárquico (1905- 1907). Fundação Eng.º António de Almeida, 2002.

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-06-2008

Como Citar

1.
Barata J. Uma nosografia de D. Carlos I no centenário do regicídio. RPMI [Internet]. 30 de Junho de 2008 [citado 18 de Dezembro de 2024];15(2):141-5. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1467

Edição

Secção

História da Medicina