Sedação Paliativa: A Prática Atual de uma Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi.2653

Palavras-chave:

Cuidados Paliativos, Cuidados Terminais, Midazolam, Sedação Profunda

Resumo

Introdução: Em contextos de doença avançada, a sedação paliativa pode constituir uma intervenção necessária para o controlo de sintomas refratários às terapêuticas convencionais, proporcionando alívio do sofrimento. 


Métodos: Estudo de coorte retrospetivo que incluiu todos os doentes acompanhados por uma equipa intra-hospitalar de cuidados paliativos e submetidos a sedação paliativa ao longo do ano de 2022.


Resultados: Dos 484 doentes acompanhados, 55 (11%) foram submetidos a sedação paliativa. A maioria era do sexo masculino (69%), com uma idade média de 70 anos. A patologia oncológica foi predominante (71%), enquanto 26% apresentavam doença não oncológica. O principal motivo para a sedação foi a inquietação terminal (47%), sendo o midazolam o fármaco mais frequentemente utilizado. O tempo mediano até fim de vida foi de 32,5 horas, com 65% dos doentes a falecerem em menos de 48 horas. A comparação entre doentes com patologia oncológica e não oncológica não revelou diferenças estatisticamente significativas relativamente à idade, dose máxima de midazolam, mortalidade nas primeiras 48 horas após o início da sedação ou sobrevida média. Verificou-se uma tendência para o uso de doses superiores de midazolam nos doentes com neoplasia do pulmão.


Conclusão: A sedação paliativa é uma intervenção terapêutica reservada a situações em que não se obtém controlo sintomático com as estratégias convencionais. São necessários mais estudos para comparar as intervenções de sedação paliativa em diferentes contextos.

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Publicado

05-12-2025

Como Citar

1.
Araújo M, Rocha C, Oliveira H. Sedação Paliativa: A Prática Atual de uma Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos. RPMI [Internet]. 5 de dezembro de 2025 [citado 7 de dezembro de 2025];32(3):153-8. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2653

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Artigos Originais

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