Estatística em Medicina: o mérito e o mito Reflexões de um clínico

Autores

  • A. de Oliveira Soares Assistente Hospitalar graduado de Medicina Interna, Hospital de Santa Maria, Lisboa

Palavras-chave:

estatística

Resumo

As ciências biológicas não são exactas. Em medicina, que não é propriamente uma ciência, mas sim uma profissão de raízes cientificas que lida com casos individuais duma variedade in­definível a matematização é tentadora, mas tem grandes limitações. A estatística, ramo da mate­mática que mais penetra na actividade médica, é muito útil para definir tendências. Contudo, nada garante que o previsto venha a acontecer, num caso concreto.

E, para além destas limitações de princípio, tem de se contar com erros formais, interpreta­ções abusivas, resultados de difícil leitura, flu­tuação de conclusões ao sabor dos métodos es­colhidos e muitos outros problemas. A decisão clínica deve contar com a estatística como um de vários instrumentos informativos, mas não é lí­cito que o senso global do médico seja substitui­ do por uma seca listagem de números. Um acto diagnóstico, uma opção terapêutica, o enuncia­ do do prognóstico, são sempre escolhas feitas em face da complexa problemática dum doente indi­vidua irredutível a uma fórmula ou a uma equa­ção.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Me Dermott W. Medicine in modem society. ln Beeson P, Me Der­mott W e Wyngaarden J, eds. Ceei! Textbook of Medicine. Philadelphia, WB Saunders Co., 1979:8.

Robertson JIS e Bali SG. Hypertension for the clinician. London, WB Saunders Co., 1994: 157.

Berglund G, Andersson O e Wilhelmsen L. Prevalence of primary and secondary hypertension. BMJ 1976; 2: 554-6.

Rudnik KV, Sackett DL, Hirst S e Holmes C. Hypertension in a family practice. Can Med Asso 1977; 117:492-497.

Sigurdsson~JA, Bengtsson C, Tibblin E, Wojciehowski J. Prevalen­ce of secondary hypertension in a population sample of swe­dish women. Eur Heart J 1977; 4:424-431.

Lewin A, Blaufox D, Castle H, Entvisle G e Langford H. Apparent prevalence of curable hypertension in the Hypertension De­tection and Follow-up Program. Arch Intern Med, 1985; 145: 424-427.

Gifford Jr. RW. Evaluation of the hypertensive patient with em­ phasis in detecting curable causes. Milbank Mem Fund Q 1969; 47: 170-175.

Ferguson RK. Cost and yield of the hypertensive evaluation. Ann. Intern Med 1975; 82:761-765.

Sinclair AM, Isles CG, Brown I, Cameron H, Murray GD, Robert­ son JWK. Secondary hypertension in a blood pressure clinic. Arch Intern Med 1987; 147: 1289-1293.

Kaplan NM. Hypertension in the individual patient. ln Kaplan NM, ed. Clinicai Hypertension. Baltimore, Williams and Wi­lkins, 1990: 17.

Gordon RD, Klemm S, Stowasser M, et al. How common is pri­mary aldosteronism? Is it the most frequent cause of curable hypertension ' Sixth European Meeting on Hypertension, Milan 1993; Abstract no.278.

Andersen GS, Toftdahl DB, Lund OJ, et ai. Primary aldostero­ nism. J Hum Hypertens 1988; 2: 187.

Prisant LM, Houghton JL, Bottini PB, Carr AA. Cardiopatia hiper­tensiva. Postgraduate Med (versão port.) 1995; 3 (5): 19.

NeatonJD, GrimmJr. RH, Primas RJ, et al., forThe Treatment of Mild Hypertension Research Group. Treatment of Mild Hyper­ tension Study (TOMHS), final results. JAMA l 993; 270:713- 724.

Dahlof B, Pennert K e Hansson L. Reversai of left ventricular hypertrophy in hypertensive patients, a metaanalysis of 109 treatment studies. Am J Hypert 1992; 5:95-110.

Joint National Committee on Detection, Evaluation and Treat­ ment of High Blood Pressure. The fifth report of the JNC. Arch Intern Med 1993; 153: 154-83.

Psaty BM, Heckbert SR, Koepsell TO, et al. The risk of myocardi­ al infarction associated with antihypertensive drug therapies.

JAMA 1995; 274:620-625.

Lenfant C. The calcium channel blocker scare, lessons for the future. Circulation 1995; 91: 2855-2856.

BuringJE, Glynn RJ e Hennekens CH. Calcium channel blockers and myocardial infarction, a hypothesis formulated but not yet tested. JAMA 1995; 274:654-655.

Saavedra JA. Terapêutica individualizada "versus" terapêutica escalonada na hipertensão arterial. ln Braz - Nogueira J e Nogueira da Costa, eds. Hipertensão Arterial, Clínica, Diag­nóstico e Terapêutica. Lisboa, Permanyer Portugal, 1993: 184.

Brenner BM e Lazarus JM. Chronic renal failure. ln Isselbacher K, Braunwald E, Wilson J, et al., eds. Harrison's Principies of Internal Medicine. New York, Me Graw-Hill, Inc, 1994.1274- 1275.

Oliveira-Soares A. Diagnóstico da hipertensão arterial secundá­ ria. ln Braz-Nogueira J e Nogueira da Costa J, eds. Hiperten­são Arterial, Clínica, Diagnóstico e Terapêutica. Lisboa, Per­manyer Portugal, 1993: 23.

Peres-Gomes F. Comunicação pessoal e várias referências bre­ves na literatura.

Feinstein AR. Tempest in a P-pot? Hypertension 1985; 7: 313-8.

Oliveira-Soares A. A quantificação do número de doentes e de técnicas no curriculum vitae. Seminários de medicina interna do Serviço de Medicina 2 do Hospital de Santa Maria, 1995 (Palestra não publicada).

Oliveira-Soares A. Ensino e sua avaliação após a licenciatura em medicina. Medicina Interna 1994; 1(2):127-128.

Chalmers J. Personal view: the national consensus conference­ not always what it seems (editorial). Blood Pressure 1994, 3: 4-6.

Woods KL. Mega-trials and management of acute myocardial infarction. Lancet 1995; 346: 611.

ISIS 4 Collaborative Group. ISIS 4 : a randomised factorial trial assessing early oral captopril, oral mononitrate, and intrave­nous magnesium in 58,050 patients with suspected acute myocardial infarction. Lancet 1994; 345: 669-685.

Oliveira-Soares A, Nogueira da Costa J., Figueiredo-Lima J, Braz­ Nogueira J, Henriques AP e Saavedra JA. Análise dos inter­namentos numa secção hospitalar de medicina interna. O Médico 1979; 93 (1468): 93.

Ficheiros Adicionais

Publicado

29-03-1996

Como Citar

1.
de Oliveira Soares A. Estatística em Medicina: o mérito e o mito Reflexões de um clínico. RPMI [Internet]. 29 de Março de 1996 [citado 17 de Novembro de 2024];3(1):51-8. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2263

Edição

Secção

Pontos de Vista