Terapêutica da hipercalcemia em neoplasias sólidas - Análise retrospectiva num serviço de Medicina Interna
Palavras-chave:
terapêutica da hipercalcemia, neoplasias sólidasResumo
Os autores apresentam um estudo retrospectivo da terapêutica da hipercalcemia em doentes com neoplasias sólidas, internados no Serviço de Medicina II dos HUC. Foram estudados 171 doentes, dos quais 45 (26,3%) tinham hipercalcemia (cálcio sérico:::,_ 10,4 mgld após correccão para a albuminemia). Nestes, analisaram as terapêuticas utilizadas, critérios de opção ( níveis de calcemia, sintomatologia, metastização óssea), resposta obtida e relação com a terapêutica de base.
Destacam os seguintes factos: A) As terapêuticas utilizadas foram: hidratação isolada (n=27) ou associada a fármacos (n = 18), incluindo sempre furosemido, (corticosteróides ( n=6), calcitonina (n=9), bifosfonatos (n=12)}. B) Efectuaram associ acões terapêuticas todos os 10 doentes com hiper calcemia grave (:::,_ 13 mg/dl) e apenas 6 dos 29 com hipercalcemia ligeira(:::,_ 10,4 - 11,5 mg/dl). Nos 14 doentes com sintomas graves, atribuíveis à hiper calcemia, os fármacos foram utilizados apenas em 7. Na metastização óssea documentada (n = 15) predominou o uso de calcitonina ou bifosfonatos. C) Nos doentes sujeitos a terapêutica, houve controlo temporário das calcemias, sendo esta mais relevante quando associados vários fármacos. A regressão da sintomatologia foi mais significativa no grupo que efectuou bifosfonatos. Em um terço dos pacientes que efectuaram bifosfonatos ou cal citonina houve melhoria da D) A mortalidade no internamento e a demora média foram cerca do dobro da do total dos internados.
Conclusões: 1) Prevalência significativa deste dis túrbio metabólico (26%) nas neoplasias sólidas. 2) A hipercalcemia foi valorizada, sendo utilizadas medidas terapêuticas para além da hidratação em 40% dos doentes. 3) A opção terapêutica foi mais baseada nos níveis de calcemia do que nos sintomas, e a metastização óssea influenciou o uso de calcitonina e bifosfonatos. 4) A melhoria sintomá tica num número significativo de pacientes e o con trolo temporário dos níveis de cálcio são factores que podem melhorar a qualidade de vida destes doentes, compensando-os até serem adoptadas medidas de base, o que aconteceu num terço dos casos.
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