Meningite asséptica recorrente associada a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1: Caso clínico

Autores

  • Luísa Magalhães Hospital Geral de Santo António. Dep. de Medicina. Serviço de Medicina 2 e Unidade de Imunologia Clínica
  • Luísa Carvalho Hospital Geral de Santo António. Dep. de Medicina. Serviço de Medicina 2 e Unidade de Imunologia Clínica
  • Paulo Paiva Hospital Geral de Santo António. Dep. de Medicina. Serviço de Medicina 2 e Unidade de Imunologia Clínica
  • Carlos Vasconcelos Hospital Geral de Santo António. Dep. de Medicina. Serviço de Medicina 2 e Unidade de Imunologia Clínica

Palavras-chave:

infecção VIH, meningite asséptica, carga vírica

Resumo

As meningites mononucleares são frequentes durante o curso da
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (VIH-1), sendo
os agentes oportunistas e a tuberculose as causas mais comuns.
A meningite asséptica está descrita na síndrome retrovírica aguda,
mas raramente na fase crónica da doença.
Apresentamos o caso de uma mulher de 44 anos, com diagnóstico
de infecção pelo VIH-1, em 1994, nível de linfócitos T CD4 inferior
a 200/µL e resposta imunológica ao tratamento anti-retrovírico.
Internamento em 2000, por meningite asséptica, com resolução espontânea. Em 2005 internada por quadro agudo de cefaleias e febre.
Apresentava líquor com 152 leucócitos/µL (97% mononucleares),
2,32g de proteínas/L e 0,39g de glicose/L. Os exames microbiológicos e serológicos foram negativos para Mycobacteriae, Herpesvirus, Enterovirus, Cryptococcus, Borrelia e Treponema palidum. Tinha 590
linfócitos T CD4/µL e carga vírica de 9764 cópias/mL no sangue e
9998 cópias/mL no líquor. Teve resolução sem qualquer tratamento.
A RMN cerebral mostrava múltiplos focos de hipersinal sub-cortical
temporais e frontais, presentes desde 2000, sem manifestações clínicas nem etiologia definida.
As manifestações neurológicas na fase aguda da doença
correlacionam-se com a carga vírica no líquor, mas esta relação é
desconhecida na fase crónica. A associação entre estes quadros e
uma carga vírica elevada no líquor poderá representar uma forma
de escape terapêutico de pior prognóstico neurológico. A infecção
directa pelo VIH-1 deve ser incluída no diagnóstico diferencial das
meningites mononucleares nestes doentes e, nesses casos, a estratégia terapêutica anti-retrovírica deve considerar os fármacos com melhor penetração no sistema nervoso central (SNC).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

McArthur JC, Brew BJ, Nath A. Neurological complications of HIV infection. Lancet 2005;4:543-555.

Fauci AS, Lane HC. Human Immunodeficiency Virus Disease: AIDS and Related Disorders. In Kasper DL et al eds. Harrison’s principles of internal medicine. McGraw-Hill 2005;173:1076-1140.

Denning DW. The neurological features of acute HIV infection. Biomed Pharmacother 1988;42(1):11-14. AIDSLINE MED/88309905.

Connolly KJ, Hammer SM. The acute aseptic meningitis syndrome. Infect Dis Clin North Am 1990;4(4):599-622.

Tambussi G, Gori A, Capiluppi B et al. Neurological Symptoms during Primary Human Immunodeficiency Virus (HIV) Infection Correlate with High Levels of HIV RNA in Cerebrospinal Fluid. CID 2000;30:962-96

Boufassa F, Bachmeyer C, Carré N et al. Influence of neurological manifestations of primary human immunodeficiency virus infection on disease progression. J Infect Dis 1995;171:1190-1195.

Rivero A, Esteve A, Santos J et al. Meningitis in HIV-infected patients. Intersci Conf Antimicrob Agents Chemother 1998;38:405.

Silber E, Sonnenber P, Ho KC et al. Meningitis in a community with a high seroprevalence of HIV infection. Int Conf AIDS 1998 ;12:563-564.

Wendel KA, McArthur JC. Acute Meningoencephalitis in Chronic Human Immunodeficiency Virus (HIV) Infection: Putative Central Nervous System Escape of HIV Replication. CID 2003;37:1107-1111.

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-06-2008

Como Citar

1.
Magalhães L, Carvalho L, Paiva P, Vasconcelos C. Meningite asséptica recorrente associada a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1: Caso clínico. RPMI [Internet]. 30 de Junho de 2008 [citado 26 de Abril de 2024];15(2):104-7. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1458

Edição

Secção

Casos Clínicos

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>