Papel de megadoses de dexametasona na trombocitopenia auto-imune refractária
Palavras-chave:
Trombocitopenia auto-imune refractária, Púrpura trombocitopénica imune, Pulsos de dexametasonaResumo
A abordagem terapêutica da púrpura trombocitopénica auto-imune (PTI) crónica refractária à corticoterapia e esplenectomia é controversa, incluindo o recurso à imunossupressão, e tem recebido atenção na literatura internacional.
Descreve-se o caso de uma mulher de 36 anos,
com o diagnóstico de PTI há 9 anos, refractária à corticoterapia e à esplenectomia, bem
como à imunossupressão com azatioprina durante dois anos. Optou-se por terapêutica com
imunoglobulina intravenosa (IGIV) nos episódios de púrpura com plaquetas inferiores a
10x109/l, verificando-se boa resposta embora transitória, o que implicou um número crescente de internamentos hospitalares (18 internamentos em dois anos). Dada a ausência de resposta, mantida às opções terapêuticas de 1ª. e
2ª. linha e à transitoriedade da resposta à IGIV,
recorreu-se a um esquema terapêutico de 3ª. linha proposto na literatura com seis pulsos de
megadoses de dexametasona por via oral (40mg/dia, durante quatro dias), com intervalos
de 28 dias. Após a conclusão da terapêutica e
com dois anos de follow-up, as contagens plaquetares mantêm-se persistentemente acima de
100x109/l, sem evidência de discrasia hemorrágica.
O presente caso apoia a evidência recente para o recurso a megadoses orais de dexametasona como alternativa terapêutica de fácil administração na PTI refractária, com eficácia a longo prazo.
Downloads
Referências
Mc Millan R and Imbach P. Immune Thrombocytopenic Purpura Chapter 30. In: Loscalzo J; Schafer AI eds. Thrombosys and Hemorrage.
Baltimore: Williams & Wilkins. 1998:643-664.
McMillan R. Therapy for Adults with Refractory Chronic Immune Thrombocytopenic Purpura. Ann Int Med 1997; 126:307-314.
George JN, Woolf SH, Raskob GE et al. Idiopathic thrombocytopenic purpura: a practice guideline developed by explicit methods for the
American Society of Hematology. Blood 1996; 88:3-40.
Andersen JC. Response of resistant idiopathic thrombocytopenic purpura to pulsed high-dose dexamethasone therapy. N Engl J Med 1994;
:1560-1564.
Bulvik S, Ben-Tal O, Shimoni Z, Eldor A. Pulsed high-dose dexamethasone in resistant immune thrombocytopenic purpura. Harefuah 1996;
(71):18-20.
Arruda VR, Annichino-Bizzacchi JM. High-dose dexamethasone therapy in chronic idiopathic thrombocytopenic purpura. Ann Hematol 1996;73:175-177.
Warner M, Wasi P, Couban S, Hayward C, Warkentin T, Kelton JG. Failure of pulse high-dose dexamethasone in chronic idiopathic immune thrombocytopenia. Am J Hematol 1997; 54:267-270.
Caulier MT, Rose C, Roussel MT, Huart C, Bauters F, Fenaux P. Pulsed high-dose dexamethasone in refractory chronic idiopathic thrombocytopenic purpura: a report of ten cases. Br J Haematol 1995; 91:447-449.
Dubbeld P, van der Heul C, Hillen HF. Effect of high-dose dexamethasone in prednisone-resistant autoimmune thrombocytopenic purpura
(ITP). Neth J Med 1991; 39:6-10.
Bulvik S, Winder A, Ben-Tal O, Szold A, Eldor A. High-dose dexamethasone for splenectomy in patients with idiopathic thrombocytopenic
purpura. Haemostasis 1998; 28:256-259.
Byrne JD, Incerpi MH, Goodwin TM. Idiopathic thrombocytopenic purpura in pregnancy treated with pulsed high-dose oral dexamethasone. Am J Obstet Gynecol 1997; 177:468-469.
Ficheiros Adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Direitos de Autor (c) 2023 Medicina Interna
Acesso livre