Estudo retrospectivo de problemas assistenciais de doentes sob hemodiálise num Serviço de Medicina Interna
Palavras-chave:
hemodiálise, custos, acesso vascular, Medicina InternaResumo
Objectivos e Métodos: Efectuou-se estudo retrospectivo, num Serviço de Medicina Interna,
dos doentes com insuficiência renal crónica
(IRC) submetidos a hemodiálise, com o objectivo de analisar os problemas que determinaram
estes internamentos e o “peso” assistencial associado.
Resultados: Nos 15 meses analisados os internamentos de doentes com IRC corresponderam a 4,5% do total e, destes, 49,7% realizaram hemodiálise. Nos doentes hemodialisados, em
26,0% foi realizada diálise inaugural e em 19,2%
houve perda de acesso vascular. A taxa de mortalidade (TM) no grupo em estudo foi de 23,3%
(TM geral do Serviço: 8,9%) e o tempo médio de
internamento (TMI) de 16,4 dias (TMI do Serviço: 9,8 dias). Nos doentes com perda de acesso
vascular a TM foi de 33,3% e o TMI de 24,7 dias
e, nos casos de diálise inaugural, 21,1% e 23,4
dias respectivamente. Verificou-se que o prolongamento dos internamentos se relacionou,
entre outros factores, com atrasos na programação, execução e revisão dos acessos vasculares, a cargo de subespecialidades médicas e cirúrgicas. Em 71,4% dos doentes com perda de acesso vascular verificou-se uma demora superior a uma semana na construção do acesso e em 57,1% esta demora excedeu as duas semanas, enquanto nos doentes com diálise inaugural, estes valores foram de 64,3% e 28,6% respectivamente.
Conclusão: Os doentes com IRC hemodialisados representam uma carga assistencial considerável nos Serviços de Medicina Interna, existindo falhas na articulação com subespecialidades, com inconvenientes para o doente e custos adicionais a corrigir, nomeadamente através da programação de protocolos claros de abordagem multidisciplinar.
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