Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico – Impacto Clínico e Social Uma experiência num Hospital Distrital

Autores

  • Francisco Parente Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina do Hospital José Luciano de Castro, Anadia
  • Aurora Fernandes Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina do Hospital José Luciano de Castro, Anadia
  • Beatriz Pinheiro Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina do Hospital José Luciano de Castro, Anadia
  • António Isidoro Assistente Graduado de Medicina Interna, Serviço de Medicina do Hospital José Luciano de Castro, Anadia
  • Vieira Barbosa Assistente Graduado de Neurologia, Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Susana Torres Assistente Social
  • Ana Paula Ferreira Assistente Social

Palavras-chave:

AVC Hemorrágico, Apoio Social, GDH

Resumo

Introdução e Objectivos: Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) hemorrágicos constituem,
em Portugal, uma percentagem invulgarmente elevada de todos os AVC. A sua natureza
diferente condiciona orientações clínicas também diferentes. Os autores quiseram caracterizar,
do ponto de vista da sua evolução e orientação após alta, todos os doentes que tiveram como
diagnóstico de saída do Hospital José Luciano de Castro – Anadia, acidente vascular cerebral
(AVC) hemorrágico.
Doentes e Metodologia : Foram analisados de modo retrospectivo os processos clínicos de
internamento de todos os doentes que, no período de 1994 a 1999, foram codificados segundo a
base de dados dos GDH (Grupos de Diagnósticos Homogéneos) como tendo tido hemorragia
subaracnoideia ou intracerebral (CID-9, códigos 430 e 431), independentemente do GDH a que
pertenciam (incluindo diagnóstico principal e secundário). Abordaram os parâmetros idade,
sexo, área de residência, mortalidade, demora média, co-morbilidades, transferências e
orientação social após a alta. Compararam os resultados com os do AVC isquémico para o
mesmo período e efectuaram correlações entre os vários parâmetros.
Resultados: Isolaram um grupo de 155 episódios de internamento, correspondendo a 148
doentes diferentes. Na população estudada, homogénea quanto a área de residência e
correspondendo a 16,2% do total dos AVC, destacam a demora média de 20,3 + 14,1 dias,
agravada no grupo com complicações infecciosas (pneumonia: 28,3 + 17,8, outra infecção: 31,3
+ 12,8), assim como nos com mais do que uma co-morbilidade assinalada (32,0 + 19,9) e uma
prevalência de 6,5% de internamentos prolongados. Verificaram-se complicações durante o
internamento em 54,8% dos episódios, com destaque para a pneumonia em 18 doentes. A
mortalidade foi de 18,1%, sendo predominantemente precoce (17,8% no primeiro dia, 57,1% até
aos 6 dias) e num grupo etário mais avançado. Todos estes indicadores tiveram pior
comportamento do que no AVC isquémico. Na alta foi necessário o apoio de assistente social
em 67,5 % dos episódios.
Discussão: Os AVC hemorrágicos comportam uma gravidade elevada (evidente a partir dos
indicadores mortalidade, demora média, transferências e co-morbilidade), superior à conhecida
para os restantes tipos de AVC, e afectam uma população mais jovem. Também se destacou a
necessidade de orientação social após a alta num número significativo de casos. O maior peso
nestes indicadores e consumo de recursos levam os autores a questionarem o financiamento
similar aos episódios do AVC isquémico dentro do GDH 14 “Perturbações cerebrovasculares
especificas, excepto AIT “.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Parente F, Fernandes A, Pinheiro B, Barbosa V, Isidoro A. Acidente Vascular Cerebral – Análise de 6 anos de internamento. Geriatria 2002; 15(143): 52-60.

Portaria nº 348B/98. Diário da República II série nº 138/98, pg. 11.

Fang J, Alderman M. Trend of Stroke Hospitalization, United States, 1988–1997. Stroke 2001;32:2221.

Mayo N, Neville D, Kirkland S, Ostbye T, Mustard C, Reeder B, MD, Joffres M, Brauer G, Levy A. Hospitalization and Case-Fatality Rates for Stroke in Canada From 1982 Through 1991. The Canadian Collaborative Study Group of Stroke Hospitalizations.Stroke1996;27:1215-1220.

Barbas SG. Acidente Vascular Cerebral e doenças Associadas - Realidade dos Hospitais Portugueses 1995/1996/1997. Livro de resumos do 2º Simpósio do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDCV) 1999.

Barbas SG. Acidente Vascular Cerebral e mortalidade - Realidade dos Hospitais Portugueses 1995/1996/1997. Livro de resumos do 2º Simpósio do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDCV) 1999.

Rosas MJ. O AVC em Portugal. Geriatria 2000; 13(129): 37-42.

Mendes AC, Pereira A, Pinto L, Carrondo H, Gomes D, Gonçalves M. Doença cerebrovascular num Serviço de Medicina Interna – estudo retrospectivo 1995-1996: caracterização, factores de risco e mortalidade. Cardiol Actual 1999; 9(80): 2546 -2548.

Keating JP. Acidentes vasculares cerebrais – casuística segundo a base de dados hospitalar. Acta Med Port 1995; 8(12): 263 - 266.

Instituto Nacional de Estatística. Dados Estimativas em 31/12/96 aos Censos 1991.

Barbosa V, Brito O, Cunha L. Doença Vascular e Acidentes Vasculares Cerebrais. 1º Volume. Cadeira de Neurologia. Faculdade de Medicina de Coimbra.

Fonseca T, Cortes P, Monteiro J, Salgado V, Ferro J, Franco A, Nogueira J, Costa N. O acidente vascular cerebral agudo e a hipertensão arterial. Estudo prospectivo em 248 doentes. Rev Port Cardiol 1996; 15(7/8): 565-573.

Vilas A, Veiga M, Santos M, Abecasis P. AVC hemorrágico: experiência de um Serviço de Medicina Interna. Rev Port Cardiol 2001;20(2):157- 165.

Pinheiro F, Leitão A, Matias M, Guia J, Lynce A, Costa A, Rodrigues C, Sales Luís A. Acidente vascular cerebral, uma visão conjunta da medicina física e de reabilitação e da medicina interna. Med Intern 1999; 6(1): 8-15.

Taylor TN. Lifetime cost of stroke in the United States. Stroke 1996; 27 (9): 1459-1466.

Lains J. A reabilitação dos hemiplégicos pós-acidente vascular cerebral (AVC). Arq Fisiatr 2001; 8(29): 43- 46.

Pires M, Leão M. Continuidade de cuidados em indivíduos vítimas de primeiro acidente vascular cerebral. Geriatria 1995; 8(76): 11-23.

Pimenta M. Acidente vascular cerebral (AVC) - aspectos sociais, apoios domiciliários e recursos. Geriatria 1998; 11 (104) : 12 - 16.

Taylor TN. The medical economics of stroke. Drugs 1997; 54 (Supl3): 57-58.

Williams R. Incidence and characteristics of total stroke in the United States. BMC 2001; 1: 2.

Gonçalves F, Cardoso M. Prevalência dos acidentes vasculares cerebrais em Coimbra. Acta Med Port 1997; 10(8-9): 543 - 550.

Zethraeus N, Molin T, Henriksson P, Jonsson B. Costs of coronary heart disease and stroke: the case of Sweden. J Intern Med 1999 ; 246(2): 151-159.

Wolfe CD, Tilling K, Beech R, Rudd AG. Variations in case fatality and dependency from stroke in western and central Europe. The European BIOMED Study of Stroke Care Group. Stroke 1999 ; 30(2):350-356.

Beech R, Ratcliffe M, Tilling K, Wolfe C. Hospital services for stroke care. A European Perspective. European Study of Stroke Care. Stroke 1996 ; 27(11):1958-1964.

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-09-2002

Como Citar

1.
Parente F, Fernandes A, Pinheiro B, Isidoro A, Barbosa V, Torres S, Ferreira AP. Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico – Impacto Clínico e Social Uma experiência num Hospital Distrital. RPMI [Internet]. 30 de Setembro de 2002 [citado 17 de Novembro de 2024];9(3). Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1858

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 3 > >>