Doença de Behçet - Casuística nacional

Autores

  • Jorge Crespo Coordenador do Grupo Nacional para o Estudo da Doença de Behçet. Serviço de Medicina III dos Hospi­tais da Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

doença de Behçet, epidemiolo­gia, Portugal

Resumo

Criado em janeiro de 93, o Grupo Nacional para o Estudo da Doença de Behçet é um núcleo que reúne médicos hospitalares de diversas especialidades, par­tilhando entre si um interesse comumpor este quadro. Com a colaboração de 59 médicos de 12 hospitais do Norte, Centro e Sul bem como da ilha da Madeira,foi possível fazer um levantamento de 241 doentes (121 homens e 120 mulheres, com idade média= 38,6 ± 11,8 anos), cujo diagnóstico foi con­firmado de acordo com os critérios definidos pelo International Study Group for Behçet's Disease. A andlise epidemio'/ógica que se apresenta permitiu chegar às seguintes conclusões principais:

A DB é uma doença de início precoce, habitual­mente entre a 2ª e a 4ª décadas de vida (idade mé­dia de início= 25,8 ± 11,1 anos). A aftose oral de repetição é a primeira manifestação da doença em 78% dos casos. O compromisso ocular é o mais in­validante, surgindo em 74% dos casos. No seu con­junto, 80% das manifestações são bilaterais e em 52% do total deixam sequelas. As manifestações cutâneas surgem em 82% dos casos, com destaque para a pseudo-foliculite que aparece em 62% do seu total A aftose genital surge em 80% dos casos. O teste da patergia mostrou-se positivo em 40% das situações em que foi pesquisado. As manifestações articulares, não sendo critério diagn6stico, foram o primeiro sintoma a surgir em 7% das situações. No total, 85% dos doentes mostraram algum tipo de en­ volvimento articular. O diagnóstico clínico da DB é demorado (7,0 ± 7,5 anos), mas conta com um atra­ so inevitdve devido ao tempo que tem de decorrer até aparecimento dos critérios indispensdvets, de 4,0 ± 4,7 anos (limites de 0 a 21 anos). A aftose oral de repetição é muito frequente nas famílias de do­ entes com DB, surgindo em 42% dos familiares directos até ao 2º grau. O HIA B5 estd presente em 64% dos casos em que foi avaliado, o que define um risco relativo de 4,5. Em todos os doentes B5 positi­vos em quem foi possível realizar o B51, este mos­trou-se também positivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

lnternational Study Group for Behçet's Disease. Criteria for diagnosis of Behçet's Disease Lancet 1990; 335: 1078-1080.

International Study Group for Behçet's Disease. Evaluation of Diagnostic (Classification") Criteria in Behçet's Disease: To­ ward Internationally Agreed Criteria. Behçet's Disease - Ba­sic and Clinical Aspects (Marcel Dekker, lnc) 1991: 11-39.

Monteiro M. Síndroma Óculo-Buco-Genital de Behçet. Boi Soc Oftalmol 1946;5:125-135.

Pina A, Fonseca F, Branco F. Síndroma de Behçet. J Med 1952;19:1131.

Fonseca F, Pina A, Gander G, Branco F. Um caso de um Síndro ma de Behçet. Clin Contemp 1952;70:36-41.

Souza-Ramalho P. Manifestações e aspectos novos da Doença de Behçet. Anais do 2º Congresso Luso-Hispano-Brasileiro de Oftalmologia. Rio de Janeiro 1972;2:134.

Souza-Ramalho P, Guerra-Rodrigo F. Vascular permeability and ultrastructural changes in Behçet's Disease. Proceedings of the VIII European Conference on Microcirculation, Aher­ deen (Karger 1973):364.

Souza-Ramalho P, Guerra-Rodrigo F, Magalhães A, Silveira J, d'Almeida M, Miranda C. Behçet's Disease in Portugal. A review of 17 cases. lnternational Symposium on Behçet's Disease - lstamhul 1977.

Souza-Ramalho P, Guerra-Rodrigo F, Magalhães A, d'Almeida M, Silveira J. Doença de Behçet. Rev Soc Port Oftalmol 1978;4:33.

Souza-Ramalho P, d'Almeida M, Freitas J, Pinto J. Behçet's Di­ sease in Portugal. Acta Med Port 1991;4:79-82.

Souza-Ramalho P, d'Almeida M, FreitasJ,PintoJ. Incidence and Clinical Aspects of Behçet's Disease in Portugal. Behçet's Disease - Basic and Clinical Aspects (Marcel Dekkerl, lnc) 1991;291-298.

Pinto J. Síndroma de Behçet - revisão da literatura e experiên­cia pessoal. Aspectos clínicos, laboratoriais e terapêuticos. Rev Soc Port Oftalmol 1980;6:57-70.

Pinto J,Freitas J, JorgeJ, Souza-Ramalho P. Follow-Up of 60 ca­ses of Behçet's Syndrome. Behçets's Disease - Basic and Clinical Aspects (Marcel Dekker,Inc) 1991;313-319.

Riheiro J, Crespo J, Reis C, Moura J. Doença de Behçet. Entida­de não rara entre nós. J Med 1991;2412:4-13.

Mesquita da Cunha R, Bayão Horta A,Santos Castro A. Doença de Behçet: Experiência de um Serviço de Medicina Interna entre 1982 e 1991. Acta Med Port 1992;11:571-574.

Freire E, Correia J, Barbosa Leão M, Vasconcelos C, Torres P, Branco H, Martins da Silva B. Behçet's Disease. Report on the Experience in an Internai Medicine Departement. Behçet's Disease. Proceedings of the 6th lnternational Conference on Behçet's Disease. Paris -Jun/93 (Elsevier Scien­ ce Puhlishers) 1993:201-206.

Crespo J, Riheiro J Jesus E, Moura A, Reis C, Po1to A. Behçet's Disease. Particular features at the Central Zone of Portugal. Behçet's Disease. Proceedings of the 6th International Cconference on Behçet's Disease. Paris -Jun/9.'3 (Elsevier Scien­ce Publishers) 1993:207-210.

Patto J, Monteiro L, Forte G, Silva J. Doença de Behçet. Aspec­tos clínicos. Rev Port Reumatol 1995;59:1502-1515.

Proença R, Crespo J, Veríssimo A, Campos A, Cunha-Vaz J. Blood-Ocular barriier dysfunction in Behçet's Disease without ocular involvement. Rev. Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:554.

Proença R, Crespo J, Veríssimo A, Campos A, Cunha-Vaz J, When to stop cydosporine-A therapy in ocular Behçet's Disease. Rev. Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:559.

Vaz Patto J. Parente M, Medeira M, Micaelo M, Neto A, Vilar A, Gil Forte J, Riheiro da Silva J. Behçet's Disease. Clinical La­boratory and Therapeutic evaluation of 39 patients. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:539.

Alves l, Arantes R. Síndromas óculo-muco-cutâneos - contri­buto para o diagóstico diferencial. Boi Hosp S. Marcos 1996:1:41-45.

Ramalho H, Gomes A, Maciel I. Um caso de Aftose Oral recor­rente. O juvenil 1996;11:73-75.

Monteiro L, Cunha AS, Brás ML, Pereira MC, Patto JV, Sila JR. Avaliação psicológica de um grupo de doentes com Doen­ça de Behçet. Rev Por Reumatol 1996;7: 1809-1814.

Lima SC, Castanheira R, Dias e, Gomes M, Ribeiro T. Doença de Behçet. Rev Port Reumatol 1997;8:1865-1867.

Ribeiro J, Jesus E, Bettencourt V, Aragão A, Mota C, Gouveia F, CrespoJ. Aftose Oral Recorrente. (Trabalho não publicado) 1992.

Teter M, Hochberg M. Diagnostic Criteria and Epidemiology of Behçet's Disease. Behçet's Disease: A contemporary Sy­nopsis (Futura Puhlishing Company, Inc) 1988:9-27.

Shahram Fea. The 1996 survey of Behçet's Disease in lran. Study of 3153 cases. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:538.

Sakane T. Behçet's Disease in Japan - Overview. Rev. Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:537.

Sarica Rea. The course of disease activity among 1127 turkish adult Behçet's patients. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:536.

Chapoutot-Remadi M. MajorTrade Routes and the "Silk Road". Rev. Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:509-511.

Valesini G, Pivetti Pezzi P, Catarinelli G, Accorinti M, Priori R. Clinical manifestations of Behçet's Disease - Basic and Cli­nical Aspect (Marcel Dekker, Inc) 1991:279-289.

Zouhoulis Cea. Adamantiadis-Behçet's Disease in Germany - Data of the German Registry in 1996. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996:7-8:538.

Hamza M. Behçet's Disease in Tunisia. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996:7-8:538.

Benamour S, Bennis R, Amraoui A. A study of 285 Cases of Behçet's Disease. Behçet's Disease - Basic and Clinical As­pects (Marcel Dekker, Inc) 1991:259-267.

Dilsen N, Konice M, Aral O, Aykut S. Standardization and evaluation of the skin pathergy test in Behçet's Disease and controls. Recent Advances in Behçet's Disease (Royal Soci­ety of Medicine International Congress anel Symposia Seri­es) 1986:169.

Dilsen N, Konice M, Aral O, Inanç M, Gull A, Ocal L. Important implications of skin pathergy test in Behçet's Disease. Behçet's Disease. Proceedings of the 6th lnternational Con­ference on Behçet's Disease. Paris -Jun/93 (Elsevier Scien­ce Puhlishers) 1993:229-233.

Chams C, at al. Longitudinal study of the pathergy phenome­no in Behçet's Disease. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:554.

Zouboulis C, Buttner P, Djawari W, Kirch W. Keitel W, Keyser­ lingk-Eherius W, Orfanos C. HLA class l antigens in German patients with Adamantiadis-Behçet's Disease aml correlati­ on with clinicai manifestations. Behçet's Disease. Procee­dings of the 6th International Conference on Behçet's Dise­ase. Paris - Jun/93 (Elservier Science Puhlishers) 1993:175- 180.

Mizuki N, Olmo S. Immunogenetic studies of Behçet's Disea­se. Rev Rhum (Engl. Ed) 1996;7-8:520-527.

Ficheiros Adicionais

Publicado

31-12-1997

Como Citar

1.
Crespo J. Doença de Behçet - Casuística nacional. RPMI [Internet]. 31 de Dezembro de 1997 [citado 2 de Maio de 2024];4(4):225-32. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2244

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)