lntoxicação pelo Paraquat: Casuística dum serviço de Medicina Interna

Autores

  • José Manuel Santos Interno do Internato Complementar de Neurologia, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Arsénio Santos Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Adélia Simão Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Eurico Almiro Chefe de Serviço de Medicina Interna, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Franscisco Severo Chefe de Serviço de Medicina Interna, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra
  • Armando Porto Professor Catedrático da Faculdade de Medicina de Coimbra e Director de Serviço, Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

paraquat, intoxicação

Resumo

Os autores apresentam uma análise retrospec­tiva dos casos de intoxicação por paraquat in­ternados num serviço de Medicina Interna dum hospital central. O estudo engloba um período de 7,5 anos, incluindo 26 casos, 16 homens e 10 mu­lheres, com idades compreendidas entre os 16 e os 74 anos. O tempo médio decorrido entre a in­gestão do tóxico e a prestação dos primeiros cuidados médicos foi, nos doentes que recorre­ram nas primeiras 24 horas, de 1,8 horas, ha­vendo 3 que só mais tarde recorreram ao hospi­tal. As quantidades de tóxico ingeridas foram calculadas segundo os dados fornecidos pelos doentes e mostraram uma grande dispersão, ten­do, no entanto, a maior parte deles ingerido en­tre 20 e 100 ml. Durante o internamento, falece­ram 13 doentes (50%), que tiveram uma sobrevi­vência média de 7 dias. Os restantes 13 doentes tiveram alta hospitalar, tendo uma sobrevivên­cia média conhecida de 10 meses.

Foram comparados entre si os grupos dos doentes falecidos e dos sobreviventes, concluin­do-se que o factor decisivo para a mortalidade foi a quantidade de tóxico ingerida. O apareci­mento de dispneia, oligúria ou icterícia foi indi­cador de mau prognóstico, enquanto os valores laboratoriais, à entrada no Serviço de Urgência, de LDH, TGO e pCO estavam significativamente mais alterados nos doentes que vieram a falecer. Quando a dose ingerida foi elevada, as medidas terapêuticas, mesmo as mais agressivas, não alteraram o curso da doença. Finalmente, os auto­res discutem os resultados encontrados, compa­rando-os com os de outros estudos.

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Referências

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Ficheiros Adicionais

Publicado

28-06-1996

Como Citar

1.
Santos JM, Santos A, Simão A, Almiro E, Severo F, Porto A. lntoxicação pelo Paraquat: Casuística dum serviço de Medicina Interna. RPMI [Internet]. 28 de Junho de 1996 [citado 27 de Abril de 2024];3(2):74-80. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2270

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