Hepatite Auto-Imune Casuística de um serviço de Medicina Interna
Palavras-chave:
hepatite auto-imune, score do International Autoimmune Hepatitis Group, evolução clínica, tratamentoResumo
Introdução: A hepatite auto-imune (HAI) é uma inflamação hepática de causa desconhecida, caracterizada pela presença de
hepatite de interface na biopsia hepática, de hipergamaglobulinemia e de auto-anticorpos característicos.
Objectivo: Avaliar as características clínicas, laboratoriais e
histológicas, a resposta à terapêutica e o prognóstico da hepatite auto-imune.
Métodos: Análise dos processos clínicos dos doentes com
hepatite auto-imune admitidos no Serviço de Medicina III dos HUC entre 1987 e 2002.
Resultados – Foram diagnosticados 29 casos, 28 do sexo
feminino e 1 do masculino, com a idade média de 34,2±16,4
anos. A forma de apresentação foi fulminante em 6,9% dos
doentes, aguda em 20,7% e insidiosa ou crónica em 72,4%.
Os sintomas mais comuns foram: astenia (65,6%), anorexia
(48,3%), náuseas e vómitos (48,3%); 24,1% dos doentes eram
assintomáticos. Pelo score do International Autoimmune Hepatitis
Group, o diagnóstico era definitivo em 69% dos casos e provável
em 31%. Tinham HAI tipo I 86,2% dos doentes, 3,5% eram do
tipo II e 10,3% não apresentavam auto-anticorpos convencionais.
O anti-VHC era positivo em 2 doentes, o AgHBs em 1 e o IgM
anti-VHA em 1. Apresentavam cirrose 27,6% dos doentes. Treze
iniciaram terapêutica com prednisolona e 15 com prednisolona +
azatioprina, com resposta completa em 39,3% dos casos, parcial
em 7,1%, ausência de resposta em 25% e resposta seguida
de recaída em 28,6%. O transplante hepático foi realizado em
4 doentes (13,8%). Com um período médio de seguimento de
69 meses (variando entre 1 e 213 meses), a mortalidade foi de
13,8%: 2 doentes por falência hepática, 1 por sepsis e 1 por meningite herpética.
Conclusões: À data do diagnóstico, 24,1% dos doentes eram
assintomáticos e 27,6% tinham cirrose; a terapêutica com
prednisolona e azatioprina foi mais eficaz que a prednisolona
isolada; houve necessidade de transplante hepático em 13,8%
dos doentes; a evolução foi favorável na maioria dos casos.
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