Doença associada ao Clostridium difficile – aumento dramático da incidência em doentes internados
Palavras-chave:
Clostridium difficile, colite pseudomembranosa, diarreia nosocomial, metronidazol, vancomicinaResumo
Vários trabalhos mostram aumento da incidência de doença
associada ao Clostridium difficile (CD) (DACD), quer em doentes
internados, quer na comunidade e estas infecções são hoje mais
graves e difíceis de tratar. O objectivo deste estudo retrospectivo
é avaliar a incidência e o impacto clínico da DACD em doentes
internados de 1/1/2004 a 31/12/2009. Foram incluídos os que
apresentavam clínica sugestiva e, pelo menos, um dos seguintes:
colonoscopia compatível com DACD ou pesquisa de toxina positiva para o CD. Identificaram-se 83 casos de DACD (32H, 51M),
diagnosticados em 9581 doentes (5198H, 4383M). A idade variou
entre 47 e 94 anos (média de 79). Cinco doentes adquiriram a
DACD na comunidade e 78 em meio hospitalar. A incidência
de DACD quase sextuplicou entre 2004 e 2009 (4,35/1000 vs
21,63/1000), tendo 77,11% desenvolvido a doença durante o
internamento. Foi mais frequente no sexo feminino (11,64/1000
vs 6,16/1000). Todos os doentes tinham feito antibioterapia
prévia. As comorbilidades, o número de antibióticos usados, a
idade avançada, o tempo de antibioterapia e de internamento
não parecem justificar o aumento da incidência e da gravidade.
Em 96% o diagnóstico foi confirmado pela presença da toxina
do Clostridium e em 4% por colonoscopia. Foram tratados com
metronidazol 73 doentes (88%), tendo 30% falecido (a mortalidade global do Serviço foi de 13%). Muito provavelmente foi a
idade avançada que esteve relacionada com a maior gravidade
e, consequentemente, alta mortalidade nos nossos casos.
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