Doença associada ao Clostridium difficile – aumento dramático da incidência em doentes internados

Autores

  • Lurdes Correia Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE
  • Rita Monteiro Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE
  • Tiago Alfaro Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE
  • Adélia Simão Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE
  • Armando Carvalho Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE
  • Nascimento Costa Serviço de Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra – EPE

Palavras-chave:

Clostridium difficile, colite pseudomembranosa, diarreia nosocomial, metronidazol, vancomicina

Resumo

Vários trabalhos mostram aumento da incidência de doença
associada ao Clostridium difficile (CD) (DACD), quer em doentes
internados, quer na comunidade e estas infecções são hoje mais
graves e difíceis de tratar. O objectivo deste estudo retrospectivo
é avaliar a incidência e o impacto clínico da DACD em doentes
internados de 1/1/2004 a 31/12/2009. Foram incluídos os que
apresentavam clínica sugestiva e, pelo menos, um dos seguintes:
colonoscopia compatível com DACD ou pesquisa de toxina positiva para o CD. Identificaram-se 83 casos de DACD (32H, 51M),
diagnosticados em 9581 doentes (5198H, 4383M). A idade variou
entre 47 e 94 anos (média de 79). Cinco doentes adquiriram a
DACD na comunidade e 78 em meio hospitalar. A incidência
de DACD quase sextuplicou entre 2004 e 2009 (4,35/1000 vs
21,63/1000), tendo 77,11% desenvolvido a doença durante o
internamento. Foi mais frequente no sexo feminino (11,64/1000
vs 6,16/1000). Todos os doentes tinham feito antibioterapia
prévia. As comorbilidades, o número de antibióticos usados, a
idade avançada, o tempo de antibioterapia e de internamento
não parecem justificar o aumento da incidência e da gravidade.
Em 96% o diagnóstico foi confirmado pela presença da toxina
do Clostridium e em 4% por colonoscopia. Foram tratados com
metronidazol 73 doentes (88%), tendo 30% falecido (a mortalidade global do Serviço foi de 13%). Muito provavelmente foi a
idade avançada que esteve relacionada com a maior gravidade
e, consequentemente, alta mortalidade nos nossos casos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Goldman LEE, Ausiello Dennis. Cecil Medicine 23ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier.2009:2536-2538.

Cohen SH, Gerding DN, Johnson S et al. Clinical Practice Guidelines for Clostridium difficile Infection in Adults: 2010 Update by the Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA) and the Infectious Diseases Society of America (IDSA), Infect Control Hosp Epidemiol 2010; 31:431-455.

Bartlett, JG. Narrative review: the new epidemic of Clostridium difficile-associated enteric disease, Ann Intern Med 2006; 145:758.

Kelly CP, LaMont T. Clostridium difficile – more difficult than ever. N Engl J Med 2008;359:1932-1940.

Filipe S. Infecção no Hospital. Medicina e Saúde 2007; 120:20-22.

Vieira AM, Machado MV, Lito L et al.Diarreia associada a Clostridium difficile num hospital central. GE-J Port Gastrenterol 2010; 17:10-17.

Voth DE, Ballard JD.C.difficile toxins: mechanism of action and role in disease. Clin Microbiol Rev 2005;18:247-263.

LaMont JT, Calderwood SB, Baron EL. Epidemiology, microbiology, and pathophysiology of Clostridium difficile infection. UpTodate 2009.

Barbut F, Gariazzo B, Bonne L et al. Clinical features of C.difficile-associated infections and molecular characterization of strains: results of a retrospective study, 2000-2004. Infect Control Hosp Epidemiol 2007;28:131-139.

Barbut F, Delmee M, Brazier JS et al. A European survey of diagnostic methods and testing protocols for C. difficile. Clin Microbiol Infect 2003;9:989-996.

Olson MM, Shanholtzer CJ, Lee JT et al. Ten years of prospective Clostridium difficile-associated disease surveillance and treatmenrat the

Minneapolis VA Medical Center, 1982-1991. Infect Control Hosp Epidemiol 1994;15:371-381.

Surawicz CM. Antibiotics and C.difficile: cause and cure. J Clin Gastroenterol 2007; 41:1-2.

Lynne, V. Renewed interest in a difficult disease: Costridium difficile infections –epidemiology and current treatment strategies. Curr Opin Gastroenterol.2009;25(1):24-35.

Bettin K, Clabots C, Mathie P et al. Effectiveness of liquid soap vs. chlorhexidine gluconate for the removal of Clostridium difficile from bare hands and gloved hands. Infect Control Hosp Epidemiol 1994; 15:697.

Boyce, JM, Pittet, D, Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task, Force. Guideline for Hand Hygiene in Health-Care Settings. Recommendations of the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee and the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task Force. Society for Healthcare Epidemiology of America/Association for Professionals in Infection Control/Infectious Diseases Society of America. MMWR Recomm Rep 2002; 51:1.

Jabbar U, Leischner J, Kasper D et al. Effectiveness of alcohol-based hand rubs for removal of Clostridium difficile spores from hands. Infect Control Hosp Epidemiol 2010; 31:565.

Oughton MT, Loo VG, Dendukuri N et al. Hand hygiene with soap and water is superior to alcohol rub and antiseptic wipes for removal of Clostridium difficile. Infect Control Hosp Epidemiol 2009; 30:939

Ficheiros Adicionais

Publicado

29-06-2012

Como Citar

1.
Correia L, Monteiro R, Alfaro T, Simão A, Carvalho A, Costa N. Doença associada ao Clostridium difficile – aumento dramático da incidência em doentes internados. RPMI [Internet]. 29 de Junho de 2012 [citado 18 de Abril de 2024];19(2):61-8. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1141

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>