Auditoria aos Procedimentos de Oxigenoterapia num Serviço de Medicina Interna
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/O/128/19/4/2019Palavras-chave:
Auditoria Clínica, Departamentos Hospitalares, Medicina Interna, OxigenoterapiaResumo
Introdução: A prescrição de oxigénio (O2
) é frequente nos
serviços de Medicina Interna. Recomendações como as da British Thoracic Society estabelecem o uso apropriado de O2 em
cuidados de saúde.
O objectivo deste estudo foi avaliar os procedimentos de
oxigenoterapia num serviço de Medicina Interna à luz das recomendações British Thoracic Society 2017.
Métodos: Realizou-se um estudo observacional que decorreu num período de tempo de 48 horas e que incluiu doentes
internados no serviço de Medicina Interna do Hospital Central
do Funchal, com prescrições activas de oxigenoterapia ou a realização de oxigenoterapia sem prescrição. Avaliaram-se 4 parâmetros recomendados:
1) a indicação para a prescrição,
2) o tipo de prescrição (dose fixa ou objectivo de intervalo de
saturação periférica (SpO2
)),
3) a conformidade entre a prescrição e administração e,
4) a monitorização da SpO2
(prescrição e registo da mesma).
Resultados: Dos 116 doentes admitidos no estudo, 114
(98%) tinham prescrição de oxigenoterapia. Destes, seis (5,3%)
não apresentavam hipoxemia e 57 (50%) não tinham registo da
avaliação da hipoxemia. Dos 114 doentes com prescrição, apenas 38 (33%) tinham objectivos de intervalo de SpO2. Destes,
61% não tinha prescrito o objectivo de SpO2 máxima e apenas
8% tinha os dois limites de intervalo definidos. Dos 76 (67%) com
prescrição fixa, nenhum apresentava a totalidade dos quatro
parâmetros recomendados. Oito, (11%) não faziam oxigenoterapia e 39 (51%) estavam a realizar um débito de O2 diferente do
prescrito. Quanto à monitorização, foi realizada, em média, 2,16
vezes em 24 horas. Cinco doentes (4%) não tinham qualquer
registo de monitorização.
Conclusão: A maioria das prescrições de oxigenoterapia não
cumpria as recomendações mais recentes. Verificou-se haver
espaço para a optimização da prescrição, administração e monitorização da oxigenoterapia. É necessária sensibilização dos profissionais de saúde e posterior aferição dos resultados atingidos.
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