Inibidores da Bomba de Protões na Profilaxia da Úlcera de Stress em Doentes Não Críticos
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/original/115/1/2019Palavras-chave:
Hemorragia Gastrointestinal/prevenção e controlo, Inibidores da Bomba de Protões, Úlcera Péptica/ prevenção e controloResumo
Introdução: A utilização de inibidores da bomba de protões
(IBPs) tem um papel bem estabelecido na profilaxia da hemorragia gastrointestinal no doente crítico; contudo, a sua
utilização em doentes não-críticos é controversa. Os autores
propuseram-se a avaliar a prescrição de IBPs em doentes num
Serviço de Medicina Interna, incluindo a sua indicação e os
custos associados.
Material e Métodos: Estudo prospectivo, observacional, transversal. Foram incluídos todos os doentes admitidos no nosso
Serviço de Medicina Interna durante 31 dias. Na admissão foi
preenchido pelo médico assistente uma escala de risco para
hemorragia gastrointestinal. A pontuação igual ou superior 10
pontos afirmava a indicação para profilaxia com IBPs. Os custos associados ao uso de IBPs foram avaliados no período do
estudo.
Resultados: Foram admitidos 115 doentes, dos quais 99 doentes foram incluídos no estudo (54,5% mulheres, idade média
76,2 anos). Factores de risco: 28,3% lesão renal aguda, 10,1%
patologia hepática, 20,2% sépsis, 40,4% anticoagulação profiláctica e 30,3% coagulopatia. De acordo com a escala de risco,
67,7% encontrava-se nos grupos baixo risco e 32,4% nos grupos alto risco. Verificámos que 59,6% dos doentes realizaram
terapêutica com IBPs; destes, 45,8% de acordo com a escala
de risco utilizada não apresentavam indicação para tal. O gasto
em IBPs durante o estudo foi de 101,9€, portanto o valor estimado de gastos inapropriados foi de 46,6€ durante o estudo.
Conclusão: A utilização de IBPs foi elevada no nosso departamento de medicina interna (59,6%). Destes doentes a utilização
de IBPs foi inapropriada em 45,8%, o que representa um problema actual com risco iatrogénico e impacto económico.
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