Exacerbações de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica num Serviço de Medicina Interna: Caracterização e Preditores de Prognóstico

Autores

  • Luís Marote Correia Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal
  • Susana Chaves Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal
  • Andreia Pestana Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal
  • Alexandra Malheiro Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal
  • Augusto Barros Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal
  • Maria da Luz Brazão Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Funchal, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.24950/rspmi/216/2017

Palavras-chave:

oença Pulmonar Obstructiva Crónica/ complicações, Hospitalização, Medicina Interna, Prognóstico

Resumo

Introdução: Em Portugal, a doença pulmonar obstructiva crónica (DPOC) afeta 14,2% daqueles com mais de 40 anos. A Medicina Interna tem um papel nos cuidados da exacerbação de DPOC hospitalizada. O nosso objetivo foi caracterizar as admissões por DPOC exacerbada num Serviço de Medicina Interna focando os preditores de mau prognóstico.
Métodos: Um estudo observacional retrospectivo recolheu dados de três anos consecutivos. Para a análise univariada e multivariada foi assumido o evento morte intra-hospitalar por qualquer causa.
Resultados: A amostra integrou 280 casos. A média das idades foi de 76,0 anos e 53,6% eram homens. À admissão, a depressão do estado de consciência foi evidente em 21,8% e hipotensão em 3,6%. Detectou-se acidemia em 36% e hipercapnia em 64,3%. Hemoglobina abaixo de 10,0 g/dL verificou-se em 4,6%, eosinopenia em 20,4%, e creatininemia superior a 2,0 mg/dL em 6,0%. Dez porcento tinham fibrilhação auricular. Vinte e nove doentes faleceram no hospital (10,4%). Identificámos os seguintes preditores:
admissão nos 90 dias prévios (OR 4,7; p = 0,006), fibrilhação auricular (OR 5,0; p = 0,002), pressão sistólica < 100 mm Hg (OR 3,7; p = 0,023), eosinopenia (OR 2,7; p = 0,034), anemia (OR 5,1; p = 0,026) e disfunção renal (OR 3,8; p = 0,048). A ausência de preditores na admissão correspondeu a um perfil de baixo risco.
Conclusão: Comparado com a generalidade dos doentes com exacerbação com DPOC, aqueles admitidos num Serviço de Medicina Interna tendem a ser mais idosos e a ter mais comorbilidades. Os preditores identificados têm relação com a fisiopatologia da exacerbação da DPOC.

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Ficheiros Adicionais

Publicado

29-09-2017

Como Citar

1.
Marote Correia L, Chaves S, Pestana A, Malheiro A, Barros A, Brazão M da L. Exacerbações de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica num Serviço de Medicina Interna: Caracterização e Preditores de Prognóstico. RPMI [Internet]. 29 de Setembro de 2017 [citado 18 de Dezembro de 2024];24(3):182-90. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/709

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