A Responsividade a Fluidos Não é o Mesmo que Benefício de Fluidos
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi/PV/137/1/2019Palavras-chave:
Equilíbrio Hidroeletrolítico, HidrataçãoResumo
A responsividade a fluidos tem sido um tema quente há algum
tempo. Embora tenha uma definição conceptual fácil (a resposta à expansão de volume com aumento do débito cardíaco), a sua avaliação na prática tem sido assunto de investigação, debate e alguma controvérsia nos últimos 15 ou 20 anos.
O problema é que a responsividade a fluidos não é sinónimo
de benefício da administração de fluidos. E temos andado a
gastar tempo a investigar formas de prever a responsividade a
fluidos. E eu realmente não quero saber se o doente é responsivo a fluidos ou não (não o somos todos?), mas antes se aquele
doente específico beneficia ou não da administração de fluidos
naquele momento específico. Nós avaliamos se os doentes em
choque são ou não responsivos a fluidos. Se, seja qual for o
método utilizado, verificamos que o são, administramos fluidos.
E só paramos essa administração de fluidos se uma de duas
coisas acontece: se o doente já não está em choque, ou se o
doente deixa de ser responsivo a fluidos. Nunca usaríamos um
fármaco com efeitos deletérios comprovados, em especial se o
seu benefício não estivesse comprovado. No entanto continuamos a usar fluidos em cenários em que o seu prejuízo está bem
demonstrado, mas o seu benefício não. Precisamos de uma
mudança de paradigma. Temos que deixar de procurar formas
de prever a responsividade a fluidos. Precisamos de encontrar
formas de identificar que doentes beneficiam da expansão de
volume, depleção de volume ou de uma estratégia de balanço
neutro. Os novos ensaios deverão, de forma prospectiva, comparar estratégias bem definidas de gestão de fluidos (expansão, depleção ou neutra) a serem aplicadas de acordo com critérios pré-determinados. Até lá, continuaremos com o mesmo
problema: será que este doente, neste momento, beneficia de
uma estratégia de expansão, depleção ou de balanço neutro?
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Referências
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