Intoxicações Agudas num Serviço de Medicina Intensiva: Anos 2002 a 2014
DOI:
https://doi.org/10.24950/rspmi.818Palavras-chave:
Intoxicação, Intoxicação Alcoólica, Pesticidas/ intoxicação, Unidade de Cuidados IntensivosResumo
internamentos em Serviços de Medicina Intensiva (SMI), devido
à facilidade de aquisição de tóxicos. A literatura é, contudo, escassa.
Este estudo tem como objetivo fazer a caracterização dos
internamentos por intoxicação aguda num SMI e sua evolução.
Material e métodos: Análise retrospetiva descritiva e inferencial,
dos doentes internados de janeiro de 2002 a dezembro de
2014, no SMI dos Hospitais da Universidade de Coimbra, considerando:
idade, sexo, tempo de internamento, intencionalidade,
tóxico subjacente, tempo de ventilação mecânica, mortalidade
e antecedentes de intoxicação ou patologia psiquiátrica. Obtiveram-
se os dados através da base de codificação do SMI. A
avaliação estatística realizou-se com o programa SPSS Statistics
versão 20.0®.
Resultados: Os 234 doentes identificados apresentavam idades
compreendidas entre os 13 e os 83 anos (média 50,79 anos
±16,99), sendo 55,98% do sexo masculino. Em 88,90% dos casos
as intoxicações foram voluntárias, não se identificando diferença
estatisticamente significativa entre géneros. Verificou-se
uma relação estatisticamente significativa entre o género feminino
e a história prévia de intoxicação, p = 0,014. O agente tóxico
foi muito variável, sendo mais frequente a intoxicação exclusiva
com fármacos (35,04%), mas 19,66% dos doentes utilizou mais
de um grupo de tóxicos. A duração do internamento, duração
da ventilação mecânica e score de APACHE II apresentaram
diferenças estatisticamente significativas quando comparadas
as intoxicações por pesticidas, fármacos ou álcool (p < 0,001).
Discussão: Os resultados obtidos são concordantes com resultados
prévios e dados de outros autores, considerando a diminuição
gradual de intoxicações por pesticidas. Globalmente, a
taxa de mortalidade foi inferior à média geral dos internamentos
no SMI, com pior pronóstico nas intoxicações por pesticidas.
Conclusão: A experiência já existente no tratamento destes
doentes tem permitido otimizar terapêuticas e melhorar o prognóstico.
Contudo ainda não é possível identificar um perfil psicológico
do doente com maior risco de mortalidade decorrente da
intoxicação.
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